OBJETO
DE ESTUDO: Os folhetos e a construção do humor
SÉRIE:
1º ano do Ensino Médio
OBJETIVOS:
-
estimular o gosto pela leitura de cordéis;
-
proporcionar a fruição estética através da literatura de cordel;
-
identificar traços do humor presentes no cordel.
RECURSOS DIDÁTICOS:
-
folheto A mulher que vendeu o marido por
R$ 1,99, de Janduhi Dantas;
-
folheto O MARIDO que rifou a MULHER na
Feira da Sulanca, de Marcelo Soares;
-
cartaz.
PROCEDIMENTOS:
-
leitura oral;
-
leitura compartilhada;
-
discussão e debate;
-
encenação.
QUANTIDADE
DE AULAS:
4
aulas
DESENVOLVIMENTO
DAS ATIVIDADES (COSSON, 2009):
MOTIVAÇÃO:
Para
início do trabalho com a leitura literária, a motivação da turma é uma etapa
essencial, pois a partir dela é que o professor prepara os alunos para entrarem
no universo da leitura (COSSON, 2009). Um recurso eficaz para entrar neste
universo é trazer para a realidade do aluno aquilo que se passa dentro da
narrativa, aproximando mais o texto do leitor, fazendo-o adentra-se no mundo
narrativo e interagir com ele. Na estrofe 17 do cordel “A mulher que vendeu o marido
por R$ 1,99”, Côca, cansada de sofrer por causa de seu marido vagabundo
Pegou
uma cartolina
que
ela havia escondido
escreveu
nervosamente
com
a raiva do bandido:
“Por
um e noventa e nove
estou
vendendo o marido”
(JANDUHI,
2005, p. 5)
A
partir dessa atitude da personagem, propomos que para este momento de motivação,
o professor prepare um cartaz contendo o letreiro “Vende-se um marido por 1,99”
e pregue-o na lousa. Depois levante questionamentos com os alunos do tipo: quem
gostaria de comprar um marido?; como seria o marido ideal para se comprar?; por
que esse marido está a venda?; Em que circunstâncias (onde e como) ela iria
vendê-lo?; Que argumentos ela usaria para vendê-lo? Esses questionamentos são
fundamentais não só para antecipar, mas também para estimular o prazer da
descoberta, fomentando as expectativas sobre o cordel.
VENDE-SE UM MARIDO POR
R$ 1,99
|
LEITURA:
O
segundo momento da apreciação do texto é a leitura oral do cordel O marido que vendeu a mulher por R$ 1,99, (leia aqui) destacando que a expressividade provocada pelos diálogos entre os personagens é
que favorece o tom humorístico no poema, pois segundo Pinheiro & Lúcio
(2001, p. 84) “se a narrativa tem um tom humorístico, a leitura deverá realçar
esse traço”. Essa leitura deve ser compartilhada (COLOMER, 2007), envolvendo o
professor e a turma, em que cada um possa ler uma estrofe do cordel. Um exemplo
desses diálogos é a negociação de Côca com umas mulheres que se interessaram em
comprar seu marido.
Umas
bêbadas que estavam
estiradas
pelo chão
despertaram
com os gritos
e
uma do cabelão
perguntou
pra Dona Côca
“Qual
o preço do gatão?”
“É
um e noventa e nove
não
está vendo o cartaz?”
Dona
Côca respondeu
e
a bêbada disse: “O rapaz
tem
uma cara simpática
acho
até que vale mais”
(JANDUHI,
2005, p. 6)
INTERPRETAÇÃO
Após
a leitura é importante o debate e a discussão sobre os pontos mais relevantes
do texto. Essa prática permite perceber a identificação dos alunos com o cordel
à medida que estes vão apontando os versos que mais lhes chamaram atenção, bem
como as estrofes em que o humor foi mais perceptível para cada um. Depois da
apreciação do cordel, o professor poderá lançar alguns pontos para provocar a
discussão, que consistirá na interpretação, caso não parta dos alunos. O debate
oral poderá ser sobre a construção social dos personagens (o marido e a
mulher), a relação entre o espaço e o universo popular, a linguagem do cordel,
o discurso do narrador e das personagens, entre outros.
APRESENTAÇÃO:
Após
a interpretação o professor pode explorar oralmente a relação estabelecida
entre os alunos e o universo do cordel, relatando, de maneira geral, porém
simplificada, o que representa, quais temas aborda, o perfil dos cordelistas,
as suas condições de trabalho, locais de produção de venda, entre outros
aspectos que julgar importante. Essa apresentação do gênero deve ser feita de
forma resumida, subentendendo que os alunos já tenham conhecimento de alguma
coisa sobre o cordel, não sendo necessária uma aula explicativa sobre o
assunto. Porém, fica a critério de cada professor, que conhecendo seus alunos,
saiba da necessidade de aprofundar esse assunto.
EXPANSÃO:
A
expansão, segundo Cosson (2009, p. 94) “é esse movimento de ultrapassagem do
limite de um texto para outros textos, quer visto como extrapolação dentro do
processo de leitura, quer visto como intertextualidade no campo literário”. A
leitura de uma segunda obra que complete a leitura da primeira é o que
pretendemos na expansão, destacando a relação intertextual, sabendo que esta prática
pode se dar com qualquer gênero que dialogue com a primeira leitura.
A
escolha de um segundo folheto se deu pela pretensão de privilegiar a expansão
da experiência estética com a literatura de cordel, estabelecendo o diálogo
entre ambos a partir da temática e do enfoque dos personagens. Sendo assim, o
cordel escolhido para esse momento foi “O marido que rifou a mulher na Feira da
Sulanca” (leia aqui), de Marcelo Soares.
Indicamos
a leitura oral e em voz alta pelo professor, seguida da interpretação do cordel
de cunho comparativo, que possibilitará aos alunos a identificação dos pontos
convergentes e divergentes entre os folhetos lidos (estrutura rítmica dos
cordéis, a construção dos personagens, os elementos pré-textuais, entre outros).
Para Pinheiro e Lúcio (2001, p. 86) “o objetivo da comparação é estimular a
discussão, o diálogo, o confronto de pontos de vistas e chamar a atenção para o
fato de que a literatura de cordel coloca na ordem do dia questões humanas
fundamentais”.
Alguns
pontos convergentes observados nos cordéis são a presença do ambiente popular
(feira, mercado); ambas narrativas destacam a relação conjugal, a construção do
humor configura-se na ação dos protagonistas e nos tipos humanos que compõem a
narrativa, o tom pejorativo que norteiam os títulos nas palavras “sulanca”,
feira de produtos com preços baixos, “1, 99”, valor depreciativo para vender-se
um marido, entre outros. Esses pontos devem ser observados e colocados na
discussão pelos alunos. Porém, se eles não apontarem, o professor pode levantar
alguns questionamentos que os despertarão para tais pontos, do tipo: qual o
desfecho das narrativas? em que ambiente os acontecimentos se passam? como são
os personagens femininos e masculinos? O que sugere os títulos? que artigos são
vendidos na feira da sulanca e no mercado por 1,99?, entre outros.
REGISTRO:
O
registro é uma forma de “verificar o balanço final, ou seja, se o objetivo da
leitura foi alcançado” (COSSON, 2009, p. 114). Sugerimos a encenação do cordel A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99
ou a dramatização de uma cena do cordel, por exemplo, o momento da venda do
marido na feira. A encenação pode envolver a turma toda ou parte dela, no
trabalho de dramatizar o cordel. Alguns alunos irão encenar, enquanto outros
podem cuidar do figurino, da sonoplastia, da maquiagem, do cenário, entre
outros.
AVALIAÇÃO:
É
importante ressaltar que a avaliação aqui não serve para punir ou cobrar, mas
para diagnosticar como se deu o processo de recepção (JAUSS, 1979) e interação
do texto com o leitor (ISER, 1979), portanto teremos como instrumento
avaliativo a participação nas atividades propostas. Sugerimos ao professor que
entregue retângulos de cartolina em branco para os alunos para que registrem
com apenas uma palavra as impressões sobre o texto e colem no mesmo cartaz,
outrora utilizado no momento de motivação da leitura. Sugerimos ainda, uma
pesquisa de provérbios populares que foquem o humor ou as relações humanas e
construa-se um mural.
Ps.: Essa sequência didática foi elaborada em parceria com a minha amiga e professora da rede estadual de Pernambuco, Adriana Vicente do Nascimento.
Ps.: Essa sequência didática foi elaborada em parceria com a minha amiga e professora da rede estadual de Pernambuco, Adriana Vicente do Nascimento.
Leia também: Sequência didática: No tempo em que os bichos falavam, O marido que rifou a mulher na feira da Sulanca e A mulher que vendeu o marido por 1,99
Nenhum comentário:
Postar um comentário