quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

BRANCA DE NEVE EM CORDEL

TRECHOS DO CORDEL 
"BRANCA DE NEVE: IRMÃOS GRIMM"
(Varneci Nascimento)

Certa vez uma criança
Disse: - O poeta me deve
Uma história em cordel,
Bonita, atraente e leve.
Quando perguntei: - Qual era?
Respondeu: - Branca de Neve!

No inverno a rainha
Atenta a neve olhou.
Distraída, no caixilho
De ébano se machucou,
E três gotinhas de sangue
Na neve salpicou.

Ela disse: - Eu queria
Uma filha muito bela,
Tão branca como a neve,
Vermelhinha, a cor dela.
Cabelo negro igualmente
À moldura da janela.

E desse jeito a sua
Filhinha um dia nasceu:
Branquinha igual ao leite
Que da própria mãe bebeu.
Face rosada e cabelo
Igual ébano enegreceu!

Por isso a menina foi
Branca de Neve chamada.
Mas a sua mãe morreu,
Ficou quase abandonada,
Por uma madrasta ruim
Passou a ser maltratada.

Por fora uma mulher linda,
Por dentro muito horrorosa.
Não suportava a ideia
De ter alguém mais formosa.
No espelho mágico foi
Perguntar, toda orgulhosa:

- Oh espelho, espelho meu,
Responda em um segundo:
Há alguém mais bela que
Eu nesse globo rotundo?
- De jeito nenhum, rainha.
És a mais bela do mundo!

[...]

A madrasta já pensava:
“Branca de Neve morreu!”.
De novo foi ao espelho,
Perguntando: - Espelho meu,
Haverá no mundo alguém
Mais bonita do que eu?

- Do mundo és a mais bela,
Mas à sombra da ramada,
Onde os sete anões fizeram
Nas colinas a morada,
Por Branca de Neve, linda,
A rainha é superada.

Alarmada, em mendiga
A rainha se disfarçou.
Depois subiu as colinas,
Bateu na porta e chamou:
- Vendo linhas coloridas!
A menina se impressionou.

[...]

O seu coração gelou
Pelo mal contaminado.
Se disfarçou e partiu
Praticar o mal pensado,
Levando, para vender,
Um pente envenenado!

- Quer comprar lindos artigos?
Na porta pegou a gritar,
Mas Branca de Neve disse:
- Não ouso deixa-la entrar...
- Então pegue este pente
Pra você se pentear.


Pegou inocentemente
No cabelo, sem demora.
Passou, caiu sem sentido
De si, totalmente fora.
- Aí mesmo fica e morre!
Disse a bruxa e foi embora.

Por sorte, os sete anões
Da mina voltaram cedo.
Acharam Branca caída
E descobriram o segredo.
Tirando o pente, a menina
Voltou ao normal sem medo!

[...]

- Porém não vai escapar
De morrer nesta investida.
Uma maçã vermelhinha,
Com um veneno homicida,
Levo e dou para ela
Nem que me custe a vida.

Vestida de camponesa,
Na casinha dos anões
Lá se foi bater de novo,
Repleta de maldições.
E a menina caiu
De novo nas armações.

- Não vou lhe deixar entrar,
Fique aí mesmo na frente.
- Faça como achar melhor,
Mas aceite meu presente,
Esta maçã tão gostosa.
- Não desejo, nem me tente!

- Do que tens medo, menina?
Pois não está estragada.
- Coma uma parte, e eu, outra.
A velha deu uma dentada
Na metade boa e deu-lhe
A parte envenenada.

[...]

Seu coração invejoso
Assim ficou satisfeito.
Os anõezinhos, ao verem
O que haviam lhe feito,
Tentaram reanimá-la.
Contudo, não teve jeito.

Colocaram-na de pé,
Seu cabelo pentearam,
E por três dias inteiros
Com cuidado lhe guardaram.
Decidiram enterrá-la,
E num caixão a botaram.

[...]



O cordel não se encerra por aí. Se você gostou e ficou curioso para ler o texto na íntegra e, sobretudo, saber como é o final, você precisa adquirir o livro-cordel. Sendo assim, você pode encontrá-lo em vários sites na internet. O meu exemplar eu adquiri no site "estante virtual".





Quem é o cordelista?



Varneci Nascimento é o autor do cordel "Branca de Neve: irmãos Grimm". É baiano, nascido na cidade de Banzaê, no dia 24 de abril de 1978. Já escreveu mais de 200 folhetos, sendo alguns dos seus principais títulos: "Jorge Amado, o amado do Brasil", "O cangaço sustentado pelos coronéis", "A escrava Isaura em cordel", "O massacre de Canudos", "Visita de Lampião a Padre Cícero no Céu", "Os dez mandamentos do preguiçoso" e "Memórias póstumas de Brás Cubas em cordel".



Gostou do cordel?

Que outro conto de fadas você gostaria de ler em literatura de cordel?


Leia aqui neste blog: A cigarra e a formiga: uma fábula educativa e atualChapeuzinho vermelho em versos de cordel e A menina que não queria ser princesa.


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