sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE EVANDRO DA NÓBREGA

SETE ANOS DE PRISÃO TIÃO CUMPRIA

                                                     
                                                     Sete anos de pastor Jacó servia...
                                                                             - Luís Vaz de Camões

Sete anos de prisão Tião cumpria.
Ladrão, vivia agora em dura cela.
Mas não cumpria a gosto, ora bela!
Dali só foragir-se pretendia.


Os dias na esperança de um só dia
passava, a pão e água na panela.
Mas eis que um dia um tira sem cautela
em vez de sova, errou, deu-lhe alforria.

Vendo Tião assim que, por enganos,
então lhe eram facultadas as celas
tratou de por azeite nas canelas...

Foi pego e condenado a mais dez anos,
dizendo: "Menos detenção cumprira
não fora neste Mundo tanto tira!"


SONETO DA MALINCONIA


                                                           (À memória de Casparus Barlaeus,
                                                            grande poeta e notável melancólico)

Embora doloroso, quase uma Agonia
cair em Depressão, até por um momento,
não se deve lamentar tal Abatimento,
mas antes fruir o que Ruim lhe parecia.

Não diga Depressão, mas, sim, Melancolia,
que não ataca gente burra - mas portentos,
quais grandes Escritores que, com seu Talento,
tanta Beleza tiram do mais triste dia.

Tem a Alma humana a sua Geologia:
placas tectônicas sofrem choques os mais plenos
até que a Terra reencontre a Harmonia!

Sai reforçada a Mente, da Malinconia
- mas só após se acomodarem os terrenos
entre o Real e o que o Sonho acaricia...

ÇODADES DU PÁDI VIÊRA


                                                     (À memória do Monsenhor Manoel Vieira)

Munta vêis fiquei zangado
cum o Pádi Mané Viêra,
qui lá pur quarqué bestêra
nus castigava pesado...
Mas pensando bem pensado,
cuma ele mim insinô,
fui intendê, lá na frente:
- só quiria u Monsinhô
fazê da gente Doutô,
transformá a gente em gente!



Fonte: google

Evandro da Nóbrega nasceu no município de São Mamede - Paraíba, no dia 15 de janeiro de 1946, mas mudou-se para Patos no ano seguinte, onde passou sua infância e adolescência, e por esta razão se considera patoense. É jornalista, escritor, editor, linguista e tradutor de duas dezenas de idiomas, já tendo até publicado livros em chinês. Algumas de suas obras são: "A glândula pineal do urubu", "Chinês de emergência para viagens", "Um apóstolo na educação do Nordeste: o Monsenhor Manuel Vieira e o Colégio Diocesano de Patos", entre outros. Na vertente poética, para as suas sátiras, utilizava o pseudônimo "Vandim das espinharas".


Quer conhecer um pouco mais sobre Evandro da Nóbrega?


Clique no vídeo abaixo e confira.




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