sexta-feira, 24 de abril de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE TARCÍSIO CÉSAR

DA SEXTA-FEIRA SANTA DO ANO AINDA DE TREVAS DE 1973


Dor de ver-te pendido do madeiro
como um ladrão sequestrador de almas.
Asas abertas são teus braços, calmas,
na aceitação que reza o teu letreiro.


Morto como a paisagem que morria
dos teus olhos na luz arrebatados.
São olhos que perdoam e não perdoados
teus suplícios foram: longa é a via.

que haverá de seguir o teu perdão
por terras, mares, povos apartados,
em meu silêncio e minha solidão,

no vinho da taverna condenada,
em torno à mesa, ao se cortar o pão,
no poste da liberdade ameaçada.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

OS SOFRIMENTOS DE JESUS CRISTO: UM CORDEL SOBRE A PÁSCOA

Os sofrimentos de Jesus Cristo

(José Pacheco)


Oh Jesus meu Redentor
dos altos Céus infinitos
abençoai meus escritos
por vosso divino amor
leciona um trovador
com divina inspiração
para que vossa paixão
seja descrita em clamores
desde o princípio das dores
até a ressurreição.

Dentro do Livro Sagrado
São Marcos com perfeição
nos faz a revelação
de Jesus crucificado
foi preso e foi arrastado
cuspido pelos judeus
por um apóstolo dos seus
covardemente vendido
viu-se amarrado e ferido
nas cordas dos fariseus.

Dantes predisse o Senhor
meus discípulos me rodeiam
e todos comigo ceiam
mas um me é traidor
só a mão do pecador
meu corpo ao suplício vai
porém vos digo que vai
do homem que por dinheiro
transforma-se traiçoeiro
contra o Filho de Deus Pai.

Todos na mesa consigo
clamavam em alta voz
Senhor, Senhor qual de nós
vos trai dos que estão contigo
disse Cristo: é quem comigo
juntamente molha o pão
e todos me deixarão
mas São Pedro respondeu
mestre garanto que eu
não vos deixarei de mão.

Em verdade deixarás
nesta noite sem tardar
antes do galo cantar
três vezes me negarás
Pedro com gestos leais
disse em voz compadecida
eis-me a morte preferida
mas não serei teu contrário
ainda que necessário
me seja perder a vida.