sexta-feira, 31 de julho de 2020

SE A GENTE COMER ERRADO...

(Marco di Aurélio)

Nosso corpo todo é parte
do chão da mãe natureza
e a gente é o que come
se a gente quiser beleza
tem que respeitar o mundo
em toda sua grandeza.

Se a gente comer errado
ficaremos tão doentes
o corpo ficará feio
podemos perder os dentes
a cara vira careta
e os olhos viram sementes.

As pernas ficarão finas
o nariz todo engelhado
as orelhas amassadas
o dedão encrequilhado
nossa testa bem comprida
e o bucho bem inchado.

A vida ficará curta
pode-se morrer mais cedo
se a gente comer errado
tanto doce como azedo
a morte vem nos buscar
eu mesmo já tou com medo.

A natureza nos dá
tudo que a gente precisa,
e nem vem empacotado
como se embrulha camisa
as frutas tem sua casca
e de papel nem precisa.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

BLOGUEXPOSIÇÃO: A XILOGRAVURA DE J. BORGES

José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges, é um famoso poeta, cordelista e xilogravurista brasileiro, nascido na cidade de Bezerros - PE. Conta com mais de trezentos cordéis e incontáveis xilogravuras. Estas são conhecidas nacional e internacionalmente, e já lhe renderam diversos prêmios e viagens ao exterior para propagar a sua arte. Suas imagens fizeram parte de várias exposições em galerias e museus da Europa e dos Estados Unidos.

Comparado ao pintor Pablo Picasso pelo New York Times, sem dúvida alguma, podemos afirmar que J. Borges é o maior xilogravurista de todos os tempos e sua arte reúne tradição e inovação: tradição na técnica, desenhando direto na matriz, ou seja, em pedaços de madeira, como imburana e louro canela, sem cópia prévia; e inovação, no que diz respeito ao uso das cores, seja pelo vívido colorido, pela sutileza dos tons pastéis ou pela sofisticação de duo ou trio de cores neutras, saindo do monocromático, mas também admirável preto e branco.

Todas as imagens foram capturadas da internet, através do google ou do instagram do xilogravusrista.


Quadrilha Junina


A sereia no mangue


Pau de arara do nordeste


Feira de frutas


Paisagem do sertão 


As tiradeiras de lenha


Luar do sertão


A vida no sertão


Paisagem sertaneja


Iemanjá


Os pássaros


O contador de mentiras


A dança do escandelo


A jardineira


A psicanalista


Lampião e Maria Bonita


A professora


A vida no sertão


Forró dos bichos


Lampião e Maria Bonita


Moça roubada


A vida no sertão 


Anjo da Guia


Frutas de mandacaru


Para adquirir alguma xilogravura, basta entrar em contato com a equipe do xilogravurista, através das redes sociais do Memorial J. Borges. 


Gostou das xilogravuras de J. Borges?

São lindas, não são?

Quais delas você mais gostou?



















sexta-feira, 3 de julho de 2020

COISAS DO SERTÃO EM VERSOS DE CORDEL

SÓ CONHECE ISSO DE FATO QUEM JÁ MOROU NO SERTÃO
(Ramon Medeiros)

Cuscuz com queijo e buchada,
Água num pote de barro,
Boi manso puxando um carro,
Farinha com tripa assada.
Tapioca amanteigada,
Fogo de lenha e carvão,
Arroz de leite e pirão,
Remédio feito de mato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Espora, bota e perneira,
Chocalho, gola e cangalha,
Chapéu de couro ou de palha,
Cabresto, sela e ligeira.
Bisaco com baladeira,
Moinho, prensa e pilão,
Jurema, angico e pinhão,
Cuia que serve de prato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Tejo, tatu e ticaca,
Carão, socó, jaçanã,
Rolinha e arribaçã,
Cascavel e jararaca.
Mãe da lua numa estaca,
Concriz, golado e cancão,
Carcará e gavião,
Galinha, guiné e pato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Gravador e radiola,
Cabaça, bobe e marrafa,
Vara de anzol e tarrafa,
Cantoria de viola.
Chinelo feito de sola
Que não provoca rachão,
Pra livrar os pés do chão
É bom, bonito e barato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Espingarda lazarina,
Arapuca de cipó,
Landuá, fojo e quixó,
Quintal feito de faxina.
Querosene, lamparina,
Candeeiro e lampião
Com pavio de algodão,
E um gato pra pegar rato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Tem rancheira, tem forró,
Xaxado, baião e xote,
Um cheirinho no cangote
Para esquentar o xodó.
E para arroxar o nó,
Pra pegar fogo o salão,
Basta só um vaneirão
Pra desgastar o sapato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Penico, tigela e xita,
Mel feito de rapadura,
Arribaçã na postura,
Um rádio que toca fita.
Uma chaleira bonita,
Pipa, peteca e pião,
Foice, machado e facão,
Baú pra guardar retrato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Mandacaru e faxeiro,
Mês de maio pra Maria,
Quermesse com cantoria,
Xique-xique e juazeiro.
Cavalo, boi e vaqueiro,
Torresmo e arrubacão,
Aguardente com limão,
Caboclo não quebrar trato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Toca-toca e pega-pega,
Brincar de caí no poço,
Vaca que é feita de osso,
Baleada e cabra cega.
Comprar fiado em bodega,
Latada de papelão,
Lata de flandre e tição,
Boneca de artesanato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.

Cuscuz com toucinho assado,
Almoçar carne na nata,
Com jerimum, com batata,
Arroz da terra e guisado.
Na janta comer picado,
Farofa, graxa e feijão.
Pra dormir: doce com pão
Com queijo coalho nato.
Só conhece isso de fato
Quem já morou no sertão.


Quem é o cordelista?


poeta Ramon Medeiros
Imagem: Facebook


Ramon Medeiros nasceu na cidade de Patos - Paraíba, no dia 20 de abril de 1993, e desde então reside no sítio Mocambo, zona rural patoense. É graduado em Engenharia Florestal e Mestre em Ciências Florestais, e atualmente trabalha como agente de defesa ambiental nas obras de integração do Rio São Francisco, na cidade de Brejo Santo, Ceará. Já escreveu dezenas de cordéis e poemas, dos quais alguns compõem doze coletâneas publicadas em parceria com outros poetas, mas obras unicamente de sua autoria foram apenas duas: "Simplicidade Poética" (2015) e "Simplesmente eu" (2018), ambas de poesia. 

Gostou do cordel??
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Leia também aqui neste blog: A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99 e O sequestro da galinha e o velório de Rafinha, escritos por cordelistas patoenses.