sexta-feira, 27 de março de 2020

O CORONAVÍRUS EM VERSOS DA LITERATURA DE CORDEL

FICOU EM SEGUNDO PLANO

(Varneci Nascimento)

De repente a sua grandeza,
Você viu ficar pequena.
Porque este coronavírus
Retirou-a de palco e cena.
Botou todo mundo em casa
Quando cortou nossa asa,
E nos pôs em quarentena.

Não é lepra nem gangrena,
Mas é mortal, invisível.
Mostrou ao considerado,
Praticamente invencível.
Derrubou muita arrogância,
Realço a importância,
De quem nunca achou incrível.

Todo pretenso infalível,
Agora se mostrou falho,
O seu dinheiro no banco,
Ouro, brilhante ou cascalho,
Ficou no segundo plano,
Sem importar com o dano,
Deixou de ir ao trabalho.

Essencial, quebra galho,
Entraram no mesmo barco
A Covid dezenove
Chegou deixando seu marco.
Fazendo pedir as contas
E os causadores de afrontas
Baixarem as pontas do arco.

O mega se tornou parco
O grande ficou menor
Expôs a fragilidade,
Muito mais viva e maior.
De repente uma doença
Veio fazer diferença
Por este mundo melhor.

sexta-feira, 20 de março de 2020

CLÁSSICOS DO CORDEL: UMA VIAGEM AO CÉU


(Leandro Gomes de Barros)

Uma vez eu era pobre
Vivia sempre atrasado
Botei um negócio bom
Porém vendi-o fiado
Um dia até emprestei
O livro do apurado.

Dei a balança de esmola
E fiz lenha do balcão
Desmanchei as prateleiras
Fiz delas um marquezão
Porém roubaram-me a cama
Fiquei dormindo no chão.

Estava pensando na vida
Como havia de passar
Não tinha mais um vintém
Nem jeito de trabalhar
O marinheiro da venda
Não queria mais fiar.

Pus a mão sobre a cabeça
Fiquei pensando na vida
Quando do lado do céu
Chegou uma alma perdida
Perguntou : - Era o senhor
Que aí vendia bebida?

Eu disse que era eu mesmo
E a venda estava quebrada
Mas se queria um pouquinho
Ainda tinha guardada
Obra de uns dois garrafões
De aguardente imaculada.

sábado, 7 de março de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE JAIME ARAÚJO

CONSELHO


Meu filho, disse certa vez meu pai:
Na vida tem cada um o seu caminho!
Evita, pois, o cardo, evita o espinho,
Feliz o que na tentação não cai.

Vê que o conselho é bom para quem sai
Singrando o mar da vida. É como o vinho
Se é dado, sobretudo, com carinho,
Deus te abençoe, no teu caminho, vai!

Saí, errante, pela vida em fora,
Errando sempre, onde quer que andei,
E porque muito que pequei é que embora

Com a fronte encanecida já, bem sei,
Devo lembrar á mocidade, agora,
Tomar conselhos tais que os não tomei.