domingo, 22 de dezembro de 2019

CLÁSSICOS DO CORDEL: O CAVALO QUE DEFECAVA DINHEIRO

O cavalo que defecava dinheiro
(Leandro Gomes de Barros)

Na cidade de Macaé
Antigamente existia
Um duque velho invejoso
Que nada o satisfazia
Desejava possuir
Todo objeto que via

Esse duque era compadre
De um pobre muito atrasado
Que morava em sua terra
Num rancho todo estragado
Sustentava seus filhinhos
Na vida de alugado.

Se vendo o compadre pobre
Naquela vida privada
Foi trabalhar nos engenhos
Longe da sua morada
Na volta trouxe um cavalo
Que não servia pra nada

Disse o pobre à mulher:
_ Como havemos de passar?
O cavalo é magro e velho
Não pode mais trabalhar
Vamos inventar um “quengo”
Pra ver se o querem comprar.

Foi na venda e de lá trouxe
Três moedas de cruzado
Sem dizer nada a ninguém
Para não ser censurado
No fiofó do cavalo
Foi o dinheiro guardado

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO CORDEL: A MULHER QUE VENDEU O MARIDO POR 1,99

TEMAS: intertextualidade, relacionamento afetivo, condição da mulher

OBJETO DE ESTUDO: Os folhetos e a construção do humor

SÉRIE: 1º ano do Ensino Médio

OBJETIVOS:
- estimular o gosto pela leitura de cordéis;
- proporcionar a fruição estética através da literatura de cordel;
- identificar traços do humor presentes no cordel.

RECURSOS DIDÁTICOS:
- folheto A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99, de Janduhi Dantas;
- folheto O MARIDO que rifou a MULHER na Feira da Sulanca, de Marcelo Soares;
- cartaz.

PROCEDIMENTOS:
- leitura oral;
- leitura compartilhada;
- discussão e debate;
- encenação.

QUANTIDADE DE AULAS:
4 aulas

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES (COSSON, 2009):

MOTIVAÇÃO:
Para início do trabalho com a leitura literária, a motivação da turma é uma etapa essencial, pois a partir dela é que o professor prepara os alunos para entrarem no universo da leitura (COSSON, 2009). Um recurso eficaz para entrar neste universo é trazer para a realidade do aluno aquilo que se passa dentro da narrativa, aproximando mais o texto do leitor, fazendo-o adentra-se no mundo narrativo e interagir com ele. Na estrofe 17 do cordel “A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99”, Côca, cansada de sofrer por causa de seu marido vagabundo

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O MARIDO QUE RIFOU A MULHER NA FEIRA DA SULANCA

O marido que rifou a mulher na Feira da Sulanca 
(Marcelo Soares)

No universo amoroso

entre marido e mulher
há algo misterioso
que ninguém sabe sequer
se deve ou não entre os dois
antes, durante e depois
tentar meter a colher

A mulher é a maior
expressão da natureza
mistura mais que perfeita
de sedução e beleza
sem a alma feminina
o homem se contamina
de solidão e tristeza

E sendo a mulher a fêmea
atraia para si o macho
e o homem ao desejá-la
se torna dela um capacho
dedicado no afã
de provar dela a maçã
colhida no próprio cacho

Há o homem que não honra
sequer a calça que veste
bebe, fuma, não trabalha
e não faz nada que preste
só vive pra vadiar
e não há como negar
esta verdade inconteste

Porém existe mulher
que a própria vida emperra
e sendo mal resolvida
com o homem vive em guerra
esta precisa saber
e depois reconhecer
que uma mulher também erra

terça-feira, 5 de novembro de 2019

A MULHER QUE VENDEU O MARIDO POR R$ 1,99

Hoje em dia, meus amigos
os direitos são iguais
tudo o que faz o marmanjo
hoje a mulher também faz
se o homem se abestalhar
a mulher bota pra trás!

Acabou-se aquele tempo
em que a mulher com presteza
se fazia para o homem
artigo de cama e mesa
a mulher se fez mais forte
mantendo a delicadeza.

Não é mais “mulher de Atenas”
nem “Amélia” de ninguém
em mesmo sempre entendi
que a mulher direito tem
de sempre só ser tratada
por “meu amor” e “meu bem”.

Hoje o trabalho de casa
meio a meio é dividido
para ajudar a mulher
homem não faz alarido
quando a mulher lava a louça
quem enxuga é o marido!

Também na sociedade
é outra a situação
a mulher hoje já faz
tudo o que faz o machão
há mulher que até dirige
trem, trator e caminhão.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO CORDEL: NO TEMPO EM QUE OS BICHOS FALAVAM

A partir de hoje eu vou disponibilizar algumas sequências didáticas que tenho, elaboradas por mim ou com a ajuda de outras pessoas. Esta sequência abaixo, por exemplo, foi elaborada para a aula do Projeto Cordelendo, em que as minhas alunas do curso de Letras (hoje professoras) e eu ministramos em uma turma de sexto ano.

TEMA:
Os animais

OBJETO DE ESTUDO:
A ludicidade do tema dos bichos presente na literatura de cordel

SÉRIE:
6º ano do ensino fundamental
Sugerimos a aplicação desta sequência didática no 6º ano do ensino fundamental, pela temática do folheto, pela sua linguagem, pelo humor presente nos versos e, sobretudo, pelo seu caráter lúdico. 

OBJETIVOS:
- estimular o gosto pela leitura de cordéis;
- proporcionar a fruição através da experiência estética com a literatura de cordel;
- formar leitores assíduos e críticos da literatura de cordel.

RECURSOS DIDÁTICOS:
- folheto (ou cópia do folheto) No tempo em que os bichos falavam, do poeta José Francisco Borges;
- cópia da música "Coco da bicharada", de Antônio Nóbrega e Wilson Torres.
- Data show
- caixa de som
- notebook
- folhas de papel ofício
- lápis de cor

PROCEDIMENTOS:
- leitura oral;
- leitura compartilhada;
- discussão e debate;
- desenho e pintura;
- canção.

QUANTIDADE DE AULAS:
2 aulas

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES:

As etapas da sequência didática a seguir foram baseadas nas sugestões de Rildo Cosson (Letramento literário: teoria e prática, 2009) e contém os seguintes pontos: Apresentação, Motivação, Leitura, Discussão/ Debate, Registro, Expansão e Avaliação.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

UMA HOMENAGEM AOS PROFESSORES (EM CORDEL)

A força do professor

(Bráulio Bessa)

Um guerreiro sem espada
sem faca, foice ou facão
armado só de amor
segurando um giz na mão
o livro é seu escudo
que lhe protege de tudo
que possa lhe causar dor
por isso eu tenho dito
Tenho fé e acredito
na força do professor.

A luta por igualdade
A luta contra o racismo
Contra o preconceito burro
Homofobia, machismo
A luta pelo respeito
De quem tem amor no peito
É a luta do educador
Por um mundo mais bonito
Tenho fé e acredito
Na força do professor.

Um arquiteto de sonhos
Engenheiro do futuro
Um motorista da vida
dirigindo no escuro
Um plantador de esperança
plantando em cada criança
um adulto sonhador
e esse cordel foi escrito
por que ainda acredito
na força do professor.

Nesse mundo tão cruel
Somente a educação
mata a fome da miséria
Combate a corrupção
É possível até que mude,
o sistema de saúde
desse povo sofredor
Eu insisto, eu repito
Tenho fé e acredito
na força do professor.

É tanta solidariedade
Doando o seu saber
Tirando da própria mente,
pra outra mente crescer
Salvando e guiando vidas
por estradas tão compridas
Com mais espinho que flor
Em poesia eu recito
Tenho fé e acredito
na força do professor.

sábado, 12 de outubro de 2019

CORDEL EM HOMENAGEM ÀS CRIANÇAS


Que tal ler um cordel em homenagem às crianças, nesta data tão oportuna?

"CRIANÇA, NOSSA ESPERANÇA"

A criança é uma rosa
Que tem perfume e pureza
Linda, bonita e cheirosa
Seu olhar tem mais beleza
Enfeite da moradia
Segredos da natureza.

Hoje é o teu grande dia
Tua data natalícia
Que reina com alegria
Com muito amor e carícia
Para um mundo infantil
Que ainda não tem malícia.

Sua vida é tão feliz
Pula, brinca, farra e dança
Canta e reza na matriz
Como é linda uma criança
É começo de uma vida
Que nos enche de esperança.

12 de outubro é a data
Que vamos comemorar
O dia claro, cor de prata
Para a criança esperar
Ganhar presente dos pais
Fazer a festa e brincar.

O dia amanhece lindo
O sol nasce multicor
A criança está sorrindo
Parecendo uma flor
Da árvore do paraíso
Fruto de um grande amor.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A CIGARRA E A FORMIGA EM CORDEL

A CIGARRA E A FORMIGA:
UMA FÁBULA EDUCATIVA E ATUAL
(Manoel Monteiro)

Meu Senhor! Minha Senhora!
Meu amigo! Minha amiga!
Sentem ao meu lado, escutem
Uma historieta antiga
Cheia de belas imagens
Quem tem como personagens
A CIGARRA e a FORMIGA

A CIGARRA é um inseto
De vozinha estridular
Tenha sol brilhando alegre
Ou chuva a se derramar,
Seja primavera ou seja,
Outono a CIGARRA adeja
Estridulante a cantar.

CIGARRA canta no inverno
Quando a chuva cai mansinha
Canta ao romper da aurora
E quando a tarde definha,
Com CIGARRA não tem choro
Canta se está de namoro
E canta se está sozinha.

CIGARRA não se incomoda
Com trabalho ou com estudo
Mesmo quando o verão bravo
Olha pra terra sisudo,
Esteja bom ou ruim
A CIGARRA vive assim
Canta a despeito de tudo

CIGARRA vive de brisa,
Come folha e bebe orvalho,
Basta-lhe ter por morada
O aconchego dum galho,
Quem quiser que vá fazer,
Não sabe e nem quer saber
Para que serve o trabalho.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

TEMPO DE SER CRIANÇA: BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

 (Sírlia Lima)

No meu tempo de criança
Muita coisa boa tinha
Aprendi com a tradição
Que dos antepassados vinha
Brincava de “garrafão”
E também de “amarelinha”

As crianças se juntavam
Era aquele alvoroço
Meninos e meninas
Brincavam de “Tô no Poço”
A água bate onde?
Ela atinge o seu pescoço

Brincando de ser mãe
Começava a cantar
Juntava a meninada
E ia cantarolar
“Licença meu bom barquinho”
“Licença para eu passar”...

Em tempos de festas juninas
Fazem adivinhação
Escrevem nomes de rapazes
E embaixo do colchão
O que aparecer desdobrado
Ganhará seu coração

A moça enfiava a faca
No tronco da bananeira
E no dia seguinte
Ia ver toda faceira
A letra do futuro amor
Para amar a vida inteira

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A MENINA QUE NÃO QUERIA SER PRINCESA

(Jarid Arraes)

Era uma vez uma menina
Dotada de esperteza
Nascida lá no sertão
Batizada de Tereza
Era muito da danada
Arretada de brabeza.


Ela muito curiosa
Gostava de aventura
Carregava bela fama
De fazer muita loucura
Não fazia nove horas
E na queda ela era dura.

Acontece que Tereza
Não era aquela biboca
O povo que exagerava
E gostava de fofoca
Da vida dela cuidava
Feito mimada dondoca.

As carolas da igreja
Só faziam cochichar
Da menina espevitada
Que vivia a badernar
Queriam Tereza quieta
Ajoelhada pra rezar.

Foi que a mãe aperreada
Teve então uma clareza
Mandou trazer um livro
Com história de princesa
Segura do seu sucesso
Deu o livro pra Tereza.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

MARMELO, O JACARÉ BANGUELO

(Mariane Bigio)

Um rapaz muito sabido
De codinome Zezinho
Apaixonado arriou-se
Pela filha do vizinho
Pediu socorro ao amigo
Um belo jacarezinho

“Marmelo, meu caro amigo”
Disse ele ao jacaré
“Me ajude por favor
Conquistar essa muié
E se acaso eu conseguir
Eu te pago um picolé!”

O jacaré em questão
Era doidinho por doce
Não gostava nem de carne
E adorava algodão-doce
E se visse um picolé
Virge maria, cabosse!

Também era inofensivo
Pois não tinha um só dente
de tanto chupar confeito
sua boca ficou doente
Assim ele não mordia
nem animal e nem gente!

“Nosso plano é o seguinte:
Você irá atacar
A moça durante a noite
E eu venho pra salvar
Feito um herói valente
E seu amor conquistar

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

CHAPEUZINHO VERMELHO EM VERSOS DE CORDEL

Chapeuzinho vermelho: versão versejada
(Manoel Monteiro)


ERA UMA VEZ, é assim
que começa: ERA UMA VEZ
Que todo conto começa,
E, se sempre assim se fez
Não vou fazer diferente
Vou começar lentamente
Contando um conto a vocês.

Pense uma casinha branca
Bem ao lado da estrada
Com o telhado vermelho,
Porta e janela, alpendrada,
Chaminé, céu azulado;
EIS O CENÁRIO MONTADO
Para a história ser contada.

Nessa casinha que está
Logo ali a nossa frente
Morava uma garotinha
Bela, doce, inteligente,
Dessas que alegram o espelho
Era “Chapeuzin” Vermelho
Querida por toda gente.

Ganhou esse nome por
Andar com uma capinha
E um capuz dessa cor,
Esse costume que tinha
De usar capa e capuz
Dava-lhe o brilho da luz
Que o sol tem de manhazinha.

Os olhos de Chapeuzinho
Eram azuis e o rosto
Da cor de romã, a pele
Macia que dava gosto,
A face, tela pueril,
A voz, sonata infantil,
Qual trino d’ave composto.