(Sírlia
Lima)
No meu tempo de criança
Muita coisa boa tinha
Aprendi com a tradição
Que dos antepassados vinha
Brincava de “garrafão”
E também de “amarelinha”
As crianças se juntavam
Era aquele alvoroço
As crianças se juntavam
Era aquele alvoroço
Meninos e meninas
Brincavam de “Tô no Poço”
A água bate onde?
Ela atinge o seu pescoço
Brincando de ser mãe
Começava a cantar
Juntava a meninada
E ia cantarolar
“Licença meu bom barquinho”
“Licença para eu passar”...
Em tempos de festas juninas
Fazem adivinhação
Escrevem nomes de rapazes
E embaixo do colchão
O que aparecer desdobrado
Ganhará seu coração
A moça enfiava a faca
No tronco da bananeira
E no dia seguinte
Ia ver toda faceira
A letra do futuro amor
Para amar a vida inteira
“Se essa rua fosse minha
Eu mandava ladrilhar
Com Pedrinhas de brilhante
Para o meu amor passar
Com cantigas tão românticas
O amor está no ar
Dos fios da memória
Vou puxando outra canção
“Terezinha de Jesus
“De uma queda foi ao chão”
Acudiram três cavaleiros
Todos de chapéu na mão"
Lembrei-me de outro canto
Que agrada qualquer criancinha
Todos gostam de cantar
A música da “Borboletinha”
Que faz chocolates
Para a sua madrinha
Eram tantas brincadeiras
Vou lembrando a granel
Toda menina gostava
De passar o seu anel
Vou buscando na memória
Registrando em cordel
Cheios de felicidade
Olhavam para o céu
Iam até a Espanha
Buscar o seu chapéu
Era tanto entusiasmo
Que faziam escarcéu
As crianças do passado
Eram inocentes de fato
Não viam maldade em cantar
“Atirei o pau no gato”
Nem pensavam na crueldade
De cometer esse ato
Não tinha muito dinheiro
A situação era feia
Se não tinha bola de couro
Fazia-se bola de meia
Inventava-se de tudo
O que viesse na teia
Menino gosta de bola
Menina gosta de boneca
Toda criança gosta
De brincar de peteca
Que fase mais feliz
Toda criança é moleca
Criança gosta de correr
Ela pula e estica
Nesse corre- corre
Adoram brincar de tica
O tempo passa rápido
E a lembrança fica
A minha infância era boa
Não tinha tempo ruim
Se não tinha dinheiro
Eu logo fazia assim
Pegava os cascos vazios
Trocava por alfinim
Todas essas emoções
Na memória está gravada
Eu gostava de brincar
Com as amigas de “queimada”
Foi uma fase tão boa
Eu não me esqueço de nada
Minha memória é boa
Faço dela um arquivo
As crianças gostavam
De brincar de “morto vivo”
Brincadeiras desenvolvem
E ainda servem de incentivo
Eram tantos desafios
Enquanto um corre, outro pega
Lembro-me da brincadeira
Chamada de “cobra cega”
Com olhos vendados
Se vacilar escorrega
As crianças comiam frutas
Bananas, fruta do conde
Outra brincadeira boa
Era brincar de esconde- esconde
As crianças sumiam
Não se sabe para onde
As brincadeiras antigas
São da nossa tradição
“Batata que passa passa”
Vai passando pela mão
A batata é a bola
O pião gira no chão
Brinquei com o que podia
Na infância fiz o que pude
Os meninos adoravam
Brincar de bola de gude
Minha mãe era bondosa
Ela nunca foi rude
Sei que não falei tudo
Algo faltou relatar
Muitas bonecas de pano
Vi a vovó costurar
Dos sabores da infância
Eu quis hoje relembrar
Quem é Sírlia Lima?
Sírlia Lima é cordelista, escritora e pedagoga. Nasceu na cidade de Mossoró, estado do Rio do Grande do Norte, no dia 03 de fevereiro de 1967, mas atualmente reside na capital, Natal. Tem dedicado sua vida à arte literária, com a escrita de livros e cordéis. Já são cerca de 400 folhetos publicados, entre vários temas, o principal é a educação. A escolha por este tema não foi à toa, pois Sírlia é professora da educação infantil da cidade de Natal; é especialista em educação infantil e mestra em educação.
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