A dama das camélias em cordel
(TRECHOS)
(Evaristo Geraldo)
Um versejar sedutor,
Porque pretendo atrair
Toda a atenção do leitor,
Para narrar uma história
De ciúme, ódio e amor.
Transforma qualquer pessoa,
Faz o perverso mudar
(Pede perdão e perdoa),
Modifica quem é ruim
Em gente pacata e boa.
Na cidade de Paris
Uma cortesã famosa,
Uma linda meretriz,
Que era muito desejada,
Porém não era feliz.
Se chamava Margarida,
Mulher dum corpo perfeito,
Muito bela, extrovertida,
Em toda a grande Paris
Ela era bem conhecida.
Das outras rosas o odor.
Então Dama das Camélias
Lhe chamavam com humor,
Pois a linda cortesã
Só aceitava essa flor.
Tinha a saúde agravada,
Pelo fato de levar
Uma vida conturbada
E por isso Margarida
Já tinha sido internada.
Pelas ruas de Paris,
Então um rapaz ao vê-la
Se apaixona e logo diz:
- Essa mulher vai ser minha
Ou nunca serei feliz!
Por nome Armando Duval,
Um jovem de vinte anos,
Mui belo e sentimental,
Filho de boa família
E muito tradicional.
Amigos de confidência:
Eram Nichette, Gastão
E sua vizinha Prudência,
Que foi quem levou Armando
Para a sua residência.
Armando pra Margarida,
Dizendo: - Este rapaz sente
Por ti paixão desmedida
E o seu maior desejo
É te amar por toda vida.
Faço-te uma confissão:
Sou uma mulher doente
E de má reputação.
Meu viver é melancólico,
Pra mim não tem solução!
Dinheiro de figurões;
Sou paga pra dar a eles
Prazer e satisfações.
Se parar de trabalhar,
Passarei mil privações.
É belo e tem simpatia,
E acharás uma mulher
Que tenha melhor valia,
Pois eu não sou para ti
Uma boa companhia.
Uma bonita paixão.
Eles sempre estavam juntos,
Era linda essa união.
Pareciam que eram duas
Almas num só coração.
Aquele mundo de orgia;
Não mais andou em noitadas,
De casa pouco saía
E dos seus ricos amantes
Margarida se escondia.
Com carinho e muito afã;
Ela sonhava pra eles
Um promissor amanhã,
E por isso abandonou
A vida de cortesã.
Intrigas e inimizade,
Margarida decidiu
Ausentar-se da cidade,
Pois o que ela mais queria
Era ter tranquilidade.
Morar na zona rural
Ao lado do seu amado,
O belo Armando Duval,
Pois só assim eles dois
Teriam vida normal.
Tudo era felicidade,
Mas lhes faltavam dinheiro
Pra tanta comodidade,
Porém só ela sabia
Dessa dura realidade.
Vender o que possuía
Para poder custear
Despesas do dia a dia,
Mas ela não revelava
Para Armando o que fazia.
Prudência diz: - Margarida,
Quero saber se tu és
Feliz, levando essa vida.
Tens certeza desse amor?
Responde, minha querida.
Com toda sinceridade,
O que sinto por Armando
Tem bastante intensidade
E isso é mais que paixão,
É um amor de verdade!
Sobre esse tão grande amor
Sua criada interrompe
Dizendo: - Tem um senhor
Lá fora e quer lhe falar,
Dizer algo de valor.
Falou de forma brutal,
Dizendo pra Margarida:
- Me chamo Jorge Duval.
Vim falar cobre meu filho,
Um jovem sentimental.
Com muita calma e atenção:
Minha filha vai casar
Com alguém de posição,
Mas a família do noivo
Impôs certa condição...
Que vim aqui, Margarida;
Porque ela é para mim
Uma joia preferida,
Mas sua felicidade
Já está comprometida.
Me faz pressão toda hora:
E diz que vai retirar
A palavra sem demora
Se meu filho persistir
Em viver com a senhora.
Gostou do cordel??
O que será que Margarida irá fazer diante do apelo do pai do seu grande amor?
Que tal adquirir o cordel e conferir!?
A dama das camélias em cordel é uma adaptação do clássico de Alexandre Dumas Filho para a literatura de cordel, escrita por Evaristo Geraldo e ilustrada por Veridiana Magalhães. O texto conta com 936 versos divididos em 156 estrofes, que narram de maneira fluida e deleitosa uma história de amor, cheia de preconceito e empecilhos.
A dama das camélias, ou La dame aux camélias, de Alexandre Dumas Filho, em sua versão original, é um romance francês, publicado em 1848. Retrata a história de amor entre uma prostituta chamada Margarida Gautier e um jovem chamado Armando Duval. A narrativa se passa em Paris, capital da França, e mostra, mesmo que sutilmente, uma sociedade marcada pela divisão de valores. Se por um lado, Margarida, a dama das camélias, vivia sob o glamour e luxo parisiense, sendo a cortesã mais requisitada da cidade, é na simplicidade do campo que ela e seu amado se reclusam para viver um grande amor. Porém, diante do preconceito que marcava os costumes da época, principalmente pelo passado da heroína, a relação entre os dois foi interrompida.
Interessante, não é?
Leia também aqui neste blog outro clássico adaptado para a literatura de cordel: Memórias póstumas de Brás Cubas em cordel.