O casamento do potó
com a barata
(Jesus Rodrigues
Sindeaux)
Poeta quando se
inspira
Sonha até mesmo acordado
E sempre traz uma história
Do presente ou do passado
Eu agora conto um caso
Que é cem por cento engraçado.
Pois eu fui a um
casamento
Do potó com uma barata
A barata aprontou-se
E ficou muito pacata
O véu era teia de aranha
Quem lhe deu foi o pai-da-mata.
Foram logo pra igreja
Para poder se casar
O padre era o borrachudo
O sacristão um mangangá
Mas o potó tomou um porre
Não pôde se confessar.
Mosquito por ser
jeitoso
Conversou com o mangangá
Que foi pedir ao vigário
Para o noivo se casar
E o potó ébrio casou-se
Etcétera e grafuá.
Depois na casa da
noiva
Foi uma festa danada
Mataram setenta moscas
E fizeram panelada
Lagartixa era gulosa
Quase morre empanzinada.
Assanhou-se a
bicharada
Fazendo o maior tumulto
Tinha inseto lá da mata
Mesmo que fosse matuto
Depois que se embriagava
Partia para o insulto.
Pois em questão de
minutos
Começou a confusão
A dona caranguejeira
Lutava contra o ferrão
Dum besouro conhecido
Como cavalo-do-cão.
O mosquito pernilongo
Tentou os dois acalmar
Mas o cavalo-do-cão
Ferroava pra danar
Caranguejeira lutando
Começou se arrepiar.
Numa luta encarniçada
Cada qual o mais valente
Um brigando com ferrão
Já o outro era no dente
Um partia para cima
Lutando de frente a frente.
Eita que inseto
valente
É uma caranguejeira!
Com seu pelo insuportável
Contaminou a poeira
Todo bicho ali pulava
Se lascando de coceira.
Só se ouvia a zueira
Inseto pra todo lado
Cada num que se coçava
Ficava muito vexado
Pois o sapo cururu
Pulava desesperado.
Um mosquito
amedrontado
Convidou a muriçoca
Começaram se coçando
Escondidos numa loca
Mas tiveram que sair
Da casinha da minhoca.
Uma pulga e um taioca
Foram parar no terreiro
Uma formiga-de-roça
Fugiu para o formigueiro
Se coçando pra danar
Era grande o desespero.
Um piolho era
porteiro
Bajulava sem estilo
Não suportando a coceira
Correu na frente dum grilo
Uma pedra lhe esmagou
Que pesava quase um quilo.
Lá na festa também
tinha
Um casal de escorpião
Se coçando igual a um mico
Embolava-se no chão
E coçava mais as partes
Que um soim ancião.
Nem abelha com ferrão
Se livrou da anarquia
Também entrou no embalo
A perereca e a jia
A perereca coçava
A outra se lambia.
Foi tremenda a correria
Era uma briga sem fim
Um carrapato gritava:
- Saiam de perto de mim!
Rasgou a roupa todinha
Duma fêmea de cupim.
Narro tim tim por tim
tim
Só não sei se foi exato
Punaré coçava o bucho
Do mesmo jeito do rato
Que morreu doido escondido
Se coçando num sapato.
Lá tinham dois
carrapatos
E um casal de mucuim
Todos quatro se coçando
Fazendo o maior festim
Soltavam puns que fediam
Igualmente a um guaxinim.
Ali dois papas-capim
Se sentiram arrepiados
Tinha coceira esquisita
Um magote de veados
E os pobres de jacus
Ficaram muito pelados.
Os bichos tão
revoltados
Cada um que tá na lista
Tinha inseto tocador
E inseto motorista
O macaco era doutor
E o tamanduá dentista.
O cancão era oculista
Também estava na festa
Um guabiru se coçando
Rasgou o couro da testa
Correu no mato igualmente
Um cachorro da mulesta.
Também correu na
floresta
A raposa embriagada
Rolava pelas pedreiras
Ficando toda pelada
Nisso a pobre dava uivo
Com a coceira danada.
Mucuim embriagou-se
Puxou a faca amolada
Pichilingo revoltou-se
Foi uma bagunça danada
Começou boca da noite
Foi parar de madrugada.
E o potó com muito
medo
Chamou logo o delegado
Carrapato de cachorro
Nesse tempo era soldado
Percevejo era escrivão
E o mosquito advogado.
Atirou no mucuim
Porque estava afobado
Pichilingo revoltou-se
E matou o delegado
Já vi que bicho valente
Brabo igual a um condenado.
Correndo pra todo
lado
Todo bicho amedrontado
O mucuim se coçando
Gritava muito arretado
Eu mato um por um
Não deixo um só desgraçado.
E correu todo cagado
Um pobre tijuaçu
Entraram de mata a dentro
Um peba junto a um tatu
Foram parar na Serra Grande
Lá pras bandas do Ipú.
E vocês fiquem
sabendo
Que não sei se foi exato
Pois é sonho de poeta
Nesse folheto barato
É história de Trancoso
Contada por Fortunato.
Sou narrador e relato
Pra quem não é duvidoso
Eu acredito bastante
Nas histórias de Trancoso
Pois também escrevo lendas
Só nunca fui mentiroso.
A minha história é
completa
De pura imaginação
Com base na humanidade
Eu faço a comparação
Porque uma fruta podre
Causa contaminação.
Sonha até mesmo acordado
E sempre traz uma história
Do presente ou do passado
Eu agora conto um caso
Que é cem por cento engraçado.
Do potó com uma barata
A barata aprontou-se
E ficou muito pacata
O véu era teia de aranha
Quem lhe deu foi o pai-da-mata.
Para poder se casar
O padre era o borrachudo
O sacristão um mangangá
Mas o potó tomou um porre
Não pôde se confessar.
Conversou com o mangangá
Que foi pedir ao vigário
Para o noivo se casar
E o potó ébrio casou-se
Etcétera e grafuá.
Foi uma festa danada
Mataram setenta moscas
E fizeram panelada
Lagartixa era gulosa
Quase morre empanzinada.
Fazendo o maior tumulto
Tinha inseto lá da mata
Mesmo que fosse matuto
Depois que se embriagava
Partia para o insulto.
Começou a confusão
A dona caranguejeira
Lutava contra o ferrão
Dum besouro conhecido
Como cavalo-do-cão.
Tentou os dois acalmar
Mas o cavalo-do-cão
Ferroava pra danar
Caranguejeira lutando
Começou se arrepiar.
Cada qual o mais valente
Um brigando com ferrão
Já o outro era no dente
Um partia para cima
Lutando de frente a frente.
É uma caranguejeira!
Com seu pelo insuportável
Contaminou a poeira
Todo bicho ali pulava
Se lascando de coceira.
Inseto pra todo lado
Cada num que se coçava
Ficava muito vexado
Pois o sapo cururu
Pulava desesperado.
Convidou a muriçoca
Começaram se coçando
Escondidos numa loca
Mas tiveram que sair
Da casinha da minhoca.
Foram parar no terreiro
Uma formiga-de-roça
Fugiu para o formigueiro
Se coçando pra danar
Era grande o desespero.
Bajulava sem estilo
Não suportando a coceira
Correu na frente dum grilo
Uma pedra lhe esmagou
Que pesava quase um quilo.
Um casal de escorpião
Se coçando igual a um mico
Embolava-se no chão
E coçava mais as partes
Que um soim ancião.
Se livrou da anarquia
Também entrou no embalo
A perereca e a jia
A perereca coçava
A outra se lambia.
Era uma briga sem fim
Um carrapato gritava:
- Saiam de perto de mim!
Rasgou a roupa todinha
Duma fêmea de cupim.
Só não sei se foi exato
Punaré coçava o bucho
Do mesmo jeito do rato
Que morreu doido escondido
Se coçando num sapato.
E um casal de mucuim
Todos quatro se coçando
Fazendo o maior festim
Soltavam puns que fediam
Igualmente a um guaxinim.
Se sentiram arrepiados
Tinha coceira esquisita
Um magote de veados
E os pobres de jacus
Ficaram muito pelados.
Cada um que tá na lista
Tinha inseto tocador
E inseto motorista
O macaco era doutor
E o tamanduá dentista.
Também estava na festa
Um guabiru se coçando
Rasgou o couro da testa
Correu no mato igualmente
Um cachorro da mulesta.
A raposa embriagada
Rolava pelas pedreiras
Ficando toda pelada
Nisso a pobre dava uivo
Com a coceira danada.
Puxou a faca amolada
Pichilingo revoltou-se
Foi uma bagunça danada
Começou boca da noite
Foi parar de madrugada.
Chamou logo o delegado
Carrapato de cachorro
Nesse tempo era soldado
Percevejo era escrivão
E o mosquito advogado.
Porque estava afobado
Pichilingo revoltou-se
E matou o delegado
Já vi que bicho valente
Brabo igual a um condenado.
Todo bicho amedrontado
O mucuim se coçando
Gritava muito arretado
Eu mato um por um
Não deixo um só desgraçado.
Um pobre tijuaçu
Entraram de mata a dentro
Um peba junto a um tatu
Foram parar na Serra Grande
Lá pras bandas do Ipú.
Que não sei se foi exato
Pois é sonho de poeta
Nesse folheto barato
É história de Trancoso
Contada por Fortunato.
Pra quem não é duvidoso
Eu acredito bastante
Nas histórias de Trancoso
Pois também escrevo lendas
Só nunca fui mentiroso.
De pura imaginação
Com base na humanidade
Eu faço a comparação
Porque uma fruta podre
Causa contaminação.
Leia também aqui neste blog: A bela e a fera em literatura de cordel e Adivinhações em literatura de cordel.
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