NO
TEMPO EM QUE OS BICHOS FALAVAM
(José
Francisco Borges)
O
Sapo com muita fome
foi
saindo do barreiro
um
batalhão de formigas
lhe
enfrentaram no terreiro
e
o Sapo com a língua
venceu
o cortejo inteiro
O
Macaco é bicho esperto
O
Jumento trabalhador
O
Macaco é mais alegre
O
Jumento mais sofredor
O
Jumento sofre calado
O
Macaco é chiador.
O
Bode é conquistador
E
só anda perfumado
E
nos atos de amor
O
Porco é muito calado
O
Porco é mais moralista
O
Bode é mais depravado.
O
tatu e o Timbu
Eram
amigos demais
Tatu
comia batata
E
o Timbu mais voraz
Comia
pintinhos novos
O
cachorro corria atrás.
Gambá
e o Papa Mel
Foram
a festa um certo dia
Gambá
não arranjou nada
E
cheio de ironia
Destampou
o seu perfume
Correu
toda bicharia
O
Galo e o Carneiro
Foram
cantar num festim
O
Galo cantou bonito
Carneiro
cantou ruim
O
Galo almoçou milho
Carneiro
comeu capim.
O
Bentiví chama chuva
Anum
preto é agoureiro
Quando
os bichos falavam
Anum
era o seresteiro
E
os dois só cantavam bem
Tendo
água no barreiro.
O
Pato invejava o Pombo
Por
ele ser mensageiro
E
o Pombo invejava o Pato
Por
nada muito maneiro
Sempre
foram bons amigos
Um
manzanza outro ligeiro.
A
Galinha encontrou-se
Com
a velha Tanajura
Deu
vontade de comê-la
E
beliscou na cintura
Dizendo
ó que sabor
Essa
bunda de gordura.
O
Morcego era o Vampiro
E
só de noite saía
Para
sangrar o Cavalo
Com
a sua covardia
Sugava
o sangue e voava
E
na mata se escondia.
Beija-flor
disse pra Ema
Por
que esse pescoção?
Disse
a Ema e tu também
Com
o bico de ferrão
Ela
aí meteu-lhe o bico
E
deixou morta no chão.
O
ódio só foi guardado
Pelo
Cachorro e o Gato
Mas
são menos despeitados
Do
que o Gato e o Rato
E
depois deram uma festa
Pra
acabar o desacato.
Mas
depois de muito tempo
Os
bichos se reuniram
E
os problemas de todos
Com
calma ali discutiram
Chegaram
a um acordo
E
todos eles se uniram.
Na
festa todos os bichos
Brincavam
entusiasmados
E
o Cachorro admirava
Da
Cachorra o penerado
E
já pela meia-noite
Disse
vem cá, meu bucado.
O
Carneiro muito calmo
Dançava
valsa moderna
Bode
chamou a Ovelha
Pra
perto duma caverna
E
quando Carneiro deu fé
Tava
os dois tremendo a perna.
O
Bode se perfumou
E
caiu dentro do salão
Agarrou
uma Marrã
Por
detrás de um barricão
Quase
acaba a brincadeira
Com
a cantiga de cão.
E
nessa noite de festa
Os
bichos se “divertiam”
Muitos
deles embebedou-se
O
Timbu quem mais bebia
E
foram acabar a dança
Na
manhã do outro dia.
E
o Macaco também
Com
sua semvergonhesa
Dava
muitas umbigadas
Nas
moças da redondeza
E
com uma Maca moça
Fez-lhe
grande safadeza.
O
bichos dançavam em casa
Galo
no meio do terreiro
Pegava
as franguinhas novas
Levava
para o puleiro
A
Raposa saiu fora
O
Galo correu ligeiro.
O
Jumento muito alegre
Deu
risadas de estalo
E
a Jumenta também
Caiu
no meio do embalo
E
quando o Burrinho nasceu
Era
filho do Cavalo.
O
Leão mandou as ordens
Para
acabarem a dança
Algumas
das bichas fêmeas
Saíram
coçando a pança
E
até agora não fizeram
Outra
daquela festança.
Quando
a festa terminou
Voltaram
as atividades
E
muitos deles saíram
Cheios
de felicidade
E
até hoje inda vivem
Conservando
as amizades.
FIM
Quer saber quais são os animais bonitos do mundo? Assista ao vídeo abaixo.
O que acha destes?
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Leia também aqui neste blog: O tema dos bichos na literatura de cordel e Sequência didática do cordel: No tempo em que os bichos falavam.
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