sexta-feira, 28 de agosto de 2020

CLÁSSICOS DO CORDEL: PROEZAS DE JOÃO GRILO (PARTE I)

Proezas de João Grilo
(João Ferreira de Lima)


João Grilo foi um cristão 
Que nasceu antes do dia
Criou-se sem formosura
Mas tinha sabedoria
E morreu depois da hora
Pelas artes que fazia.

E nasceu de sete meses
Chorou no "bucho" da mãe
Quando ela pegou um gato
Ele gritou: - Não me arranhe,
Não jogue neste animal
Que talvez você não ganhe.

Na noite que João nasceu,
Houve um eclipse na lua,
E detonou um vulcão
Que ainda continua
Naquela noite correu
Um lobisomem na rua.

Assim mesmo ele criou-se
Pequeno, magro e sambudo
As pernas tortas e finas
Boca grande e beiçudo
No sitio onde morava
Dava noticia de tudo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE BALILA PALMEIRA

QUEM EU SOU?


Neste mundo de glórias,
tristezas, alegrias,
quem eu sou?
Neste mundo de rosas,
espinhos, perfumes, saudades,
quem eu sou?

Se não sei de onde vim,
como estou, para onde vou,
quem eu sou?
Se caminho no vazio,
noite adentro
se mergulho nas nuvens,
quem eu sou?

Se nasci, se vivi noutro tempo
feliz ou sem amor,
quem sou?
Se penso e repenso
mas não sei acrescentar,
quem eu sou?

Essa chama forte, de fogo e amplidão
que de repente assoma porta adentro
é nada mais, nada menos que calor
ela se chama, com certeza, simplesmente amor.

HOMEM INFINITO


É infinito,
mas vive dentro de si
como ostra sem falar
mesmo sabendo, repito
que é infinito.

Infinito na alma
infinito no amor
é homem em espécie,
que pode se transformar
em flor.

Pisa no chão
mas flutua no espaço
tem voo alto
é dono da amplidão
cinge o mundo num abraço.

DESEJOS


Como eu queria ser um pássaro, ave altaneira
voando alto sobre a amplidão
dominando alturas sem fronteira
passageira de céus de lassidão.

Como eu queria a lua pura, como teto
por testemunha de um amor de um fim
dando às estrelas letras do alfabeto
ouvindo lendas com cheiro de alecrim.

Como eu queria ser a flor viçosa
que desabrocha na manhã, cedinho,
vestindo seda no seu corpo, airosa
mandando ao mundo recado de carinho.

Como eu queria sensação de paz ilimitada
um barco a navegar singrando os mares
um porto a me esperar na madrugada
e, alguém falando coisas, não vulgares.

Então eu seria o pelicano emplumado
nadando livre, de uma, a outra margem
na firmeza de um gesto bem ousado
num desejo ardente de mensagem.


a poesia de Balila Palmeira
Fonte: ihgp

Maria Balila Palmeira nasceu em Patos - Paraíba, no dia 13 de março de 1926. É escritora, poetisa e pedagoga. É também fundadora da Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba. Devaneios", "Infinito e poesia", "Misticismo e cangaço em Pedra Bonita", "A menina e a boneca", "Destino cruel" e "Dez contas e uma saudade" são algumas de suas obras.

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