sexta-feira, 5 de junho de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE FLÁVIO SÁTIRO

O PASSARINHO E A FLAUTA


No meu jardim
jaz uma flauta.

No meu jardim,
um passarinho.

No meu jardim,
o passarinho soa
e a flauta voa.

A PALAVRA


A palavra lavra.
A palavra lava a alva pala.
A palavra avara apara a vara.

Vara, varal para a palavra.

A palavra parla.
A palavra palra.
A parva palavra vara a vala.
A pá lavra a lapa.
A palavra.

O APRENDIZ DE SAPATEIRO


Bate o prego no salto,
o prego salta,
o martelo na sola,
o martelo ao sol,
a faca afiada a chiar na sola,
a forma, a sovela, a linha escassa.

Não passe o sapateiro
além do chinelo.

 Sola, meia-sola, salto,
brocha, alicate, prego, brocha,
a palmilha pisando firme
no compasso do martelo.
  
Sola, meia-sola, sapato, salto,
salto para a morte.

HABEAS-CORPUS


O réu pediu, em seu favor,
um habeas-corpus.
Solto, mas não satisfeito, 
entrou em um bar
e pediu um habeas-copos.
Depois, foi ao lupanar
e suplicou um habeas-cópulas.


Fonte: youtube


Flávio Sátiro Fernandes nasceu no dia 13 de janeiro de 1942, na cidade de Patos, sertão da Paraíba. É advogado, escritor e poeta. Também é membro da Academia Paraibana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Algumas de suas obras são: "Festa de setembro", "A Cruz da menina" e "Geografia do corpo".

Quer conhecer mais sobre este grande poeta?

 
Os vídeos abaixo tratam-se de um documentário sobre ele


Parte I


Parte II



E sobre os poemas?


Qual deles você mais gostou?

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