Beijo de mulher
bonita e carinho de mulher feia
(Antonio Mota)
Um amante da poesia
De sangue puro na veia
Pede inspiração a Deus
Pra rimar com a alma cheia:
Beijo de mulher bonita
E carinho de mulher feia.
Beijo de mulher
bonita
Aquece o corpo e a alma
Fica assim tão satisfeita
Chega pula e bate palma!
Acende o fogo do amor
E o coração acalma.
Carinho de mulher
feia
Amarga que só pereiro
Envenena igual tingui
Fura mais do que cardeiro
Fede mais que carvoeira
Feita com paus de chiqueiro.
Beijo de mulher
bonita
Tem um gosto tão gostoso
Que a gente quer sem parar
Provar o mel majestoso...
Pois deixa o espírito leve
E o corpo fica fogoso.
Carinho de mulher
feia
É caçada sem tatu
É um prato de sal bem cheio
Num pingo de feijão cru
Pra ser comido de noite
Com carne de urubu.
Beijo de mulher
bonita
É coisa que não atrasa;
Tem gosto de queijo assado
Num fogareiro de brasa
E cheira a flores que nascem
Ao derredor da casa.
Carinho de mulher
feia
Arde mais do que pimenta,
Coça mais do que urtiga
Passada no pau-da-venta.
É uma sarna desgraçada
Que nenhum cristão aguenta.
Beijo de mulher
bonita
É quase que nem o céu...
Alimenta, satisfaz;
E serve como troféu.
É muito mais doce ainda
Do que o doce do mel.
Carinho de mulher
feia
É azedo e fedorento
Dói mais do que a mordida
Dos dentes de um papa-vento.
É coice seco e certeiro
De um capiba ou jumento.
Beijo de mulher
bonita
É prazer que não acaba
Ou construção mui bem feita
Que nunca, nunca desaba.
É um pedaço de queijo
Num docinho de goiaba.
Carinho de mulher feia
Vale só uma pataca
Porque tem gosto ruim
E solta ainda uma inhaca
Mais difícil de largar
Do que xixi de ticaca.
Beijo de mulher
bonita
Tem o cheirinho de flor
Quando nasce e é regada
Com carinho e muito amor.
É um fruto divinal
De incomparável sabor.
Carinho de mulher
feia
É angu cru e insosso
Cheirando assim a fumaça
E ainda com caroço;
É mijada de potó
Bem no talo do pescoço.
Beijo de mulher
bonita
Tem o cheirinho da terra
Quando chove de mansinho
Só na cabeça da serra;
É manteiga natural...
É a paz depois da guerra.
Carinho de mulher
feia
É carne de carcará
Cozida com tripa e tudo
Dentro de um alguidar.
É uma bucha de Bombril
Pra o sujeito mastigar.
Beijo de mulher
bonita
É uma linda canção
Tocada sensivelmente
Nas cordas de um violão
E cantada por um poeta
Embalado pela paixão.
Carinho de mulher
feia
É sangue de procotó.
É morcego chupa-cabra
Enrolado num cipó
Ensinando arte ao autor
Da eguinha pocotó.
Beijo de mulher
bonita
Tem sabor de natureza;
Tem os mistérios da vida
E os encantos da beleza
Que mostram os rastros da água
Deslizando em correnteza.
Carinho de mulher
feia
É uma surra de chibata
Feita só de couro cru
Com um nó que não desata;
É uma papa de babosa
Misturada com batata.
Beijo de mulher
bonita
Tem gosto de um bom vinho
Que embriaga o espírito
E o corpo fica bonzinho.
É uma taça de desejos
Misturados com carinho.
Carinho de mulher
feia
É um espinho que fura
Mais que língua de político
No congresso quando jura;
É suco de dez partidos
Com uns Maluf na mistura.
Beijo de mulher bonita
Tem muito mais emoção
Que acertar na loteria
Ou receber mensalão...
Porque tem gosto das pétalas
Das rosas da salvação.
Carinho de mulher
feia
Dói mais do que levar soco
E é muito mais asqueroso
Do que cheirar flor-de-toco;
Perturba igual ventre preso
Misturado com arroto-choco.
Beijo de mulher
bonita
Tem gostinho de maçã
Adoçada com o suco
Do orvalho da manhã;
É um troféu de brilhante
Pra uma equipe campeã.
Carinho de mulher
feia
É um sapato apertado
Fazendo calos no pé
Quando o baile está animado.
É um quilo de pó-de-mico
No chão da sala jogado.
Beijo de mulher
bonita
É um pedaço da vida
Vivido em plena volúpia
Com a pessoa querida;
É o reflexo das cores
Da amizade colorida.
Carinho de mulher
feia
É queimadura com brasa;
Nada adianta, aliás,
Apenas em tudo atrasa.
É uma briga de gatos
À noite em cima da casa.
Beijo de mulher
bonita
É um sono bem dormido
Depois de um belo drinque
Na taça do amor bebido;
Melhor no mundo até hoje
Está pra ser produzido.
Carinho de mulher
feia
É um abraço apertado
Numa moita de urtiga
Chamada urtiga de gado
É mesmo que se agarrar
Com um bode todo mijado.
“Beijo de mulher
bonita
E carinho de mulher feia”
É só uma brincadeira
Feita por quem se aperreia
Somente em ouvir alguém
Falando mal da vida alheia.
Respeito muito as
mulheres;
Para mim, são todas belas.
Nasci, aliás, de uma...
A mais linda entre elas.
Assim considero todas
Como importantes parcelas.
A mulher sempre é bonita
Na alma e no coração;
Tendo um punhado de amor,
Outro tanto de paixão
Nós vivemos ao seu pé...
Isso porque, sem mulher,
O homem não é homem, não.
De sangue puro na veia
Pede inspiração a Deus
Pra rimar com a alma cheia:
Beijo de mulher bonita
E carinho de mulher feia.
Aquece o corpo e a alma
Fica assim tão satisfeita
Chega pula e bate palma!
Acende o fogo do amor
E o coração acalma.
Amarga que só pereiro
Envenena igual tingui
Fura mais do que cardeiro
Fede mais que carvoeira
Feita com paus de chiqueiro.
Tem um gosto tão gostoso
Que a gente quer sem parar
Provar o mel majestoso...
Pois deixa o espírito leve
E o corpo fica fogoso.
É caçada sem tatu
É um prato de sal bem cheio
Num pingo de feijão cru
Pra ser comido de noite
Com carne de urubu.
É coisa que não atrasa;
Tem gosto de queijo assado
Num fogareiro de brasa
E cheira a flores que nascem
Ao derredor da casa.
Arde mais do que pimenta,
Coça mais do que urtiga
Passada no pau-da-venta.
É uma sarna desgraçada
Que nenhum cristão aguenta.
É quase que nem o céu...
Alimenta, satisfaz;
E serve como troféu.
É muito mais doce ainda
Do que o doce do mel.
É azedo e fedorento
Dói mais do que a mordida
Dos dentes de um papa-vento.
É coice seco e certeiro
De um capiba ou jumento.
É prazer que não acaba
Ou construção mui bem feita
Que nunca, nunca desaba.
É um pedaço de queijo
Num docinho de goiaba.
Vale só uma pataca
Porque tem gosto ruim
E solta ainda uma inhaca
Mais difícil de largar
Do que xixi de ticaca.
Tem o cheirinho de flor
Quando nasce e é regada
Com carinho e muito amor.
É um fruto divinal
De incomparável sabor.
É angu cru e insosso
Cheirando assim a fumaça
E ainda com caroço;
É mijada de potó
Bem no talo do pescoço.
Tem o cheirinho da terra
Quando chove de mansinho
Só na cabeça da serra;
É manteiga natural...
É a paz depois da guerra.
É carne de carcará
Cozida com tripa e tudo
Dentro de um alguidar.
É uma bucha de Bombril
Pra o sujeito mastigar.
É uma linda canção
Tocada sensivelmente
Nas cordas de um violão
E cantada por um poeta
Embalado pela paixão.
É sangue de procotó.
É morcego chupa-cabra
Enrolado num cipó
Ensinando arte ao autor
Da eguinha pocotó.
Tem sabor de natureza;
Tem os mistérios da vida
E os encantos da beleza
Que mostram os rastros da água
Deslizando em correnteza.
É uma surra de chibata
Feita só de couro cru
Com um nó que não desata;
É uma papa de babosa
Misturada com batata.
Tem gosto de um bom vinho
Que embriaga o espírito
E o corpo fica bonzinho.
É uma taça de desejos
Misturados com carinho.
É um espinho que fura
Mais que língua de político
No congresso quando jura;
É suco de dez partidos
Com uns Maluf na mistura.
Tem muito mais emoção
Que acertar na loteria
Ou receber mensalão...
Porque tem gosto das pétalas
Das rosas da salvação.
Dói mais do que levar soco
E é muito mais asqueroso
Do que cheirar flor-de-toco;
Perturba igual ventre preso
Misturado com arroto-choco.
Tem gostinho de maçã
Adoçada com o suco
Do orvalho da manhã;
É um troféu de brilhante
Pra uma equipe campeã.
É um sapato apertado
Fazendo calos no pé
Quando o baile está animado.
É um quilo de pó-de-mico
No chão da sala jogado.
É um pedaço da vida
Vivido em plena volúpia
Com a pessoa querida;
É o reflexo das cores
Da amizade colorida.
É queimadura com brasa;
Nada adianta, aliás,
Apenas em tudo atrasa.
É uma briga de gatos
À noite em cima da casa.
É um sono bem dormido
Depois de um belo drinque
Na taça do amor bebido;
Melhor no mundo até hoje
Está pra ser produzido.
É um abraço apertado
Numa moita de urtiga
Chamada urtiga de gado
É mesmo que se agarrar
Com um bode todo mijado.
E carinho de mulher feia”
É só uma brincadeira
Feita por quem se aperreia
Somente em ouvir alguém
Falando mal da vida alheia.
Para mim, são todas belas.
Nasci, aliás, de uma...
A mais linda entre elas.
Assim considero todas
Como importantes parcelas.
Os repentistas Caju e Castanha também fizeram um repente com esse mesmo tema: mulher bonita e mulher feia. Clique no vídeo abaixo e divirta-se:
Leia também aqui neste blog outro cordel de Antônio Mota: O casal que mais brigava na Paraíba do Norte.