sexta-feira, 3 de junho de 2016

terça-feira, 31 de maio de 2016

PROJETO CORDELENDO EM AÇÃO NO OITAVO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Momento de leitura da literatura de cordel em uma turma do 8º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Coriolano de Medeiros

PROJETO CORDELENDO EM AÇÃO NO SÉTIMO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Momento de leitura da literatura de cordel em uma turma do 7º ano da Escola Estadual Coriolano de Medeiros

O ALUNO INTELIGENTE E OS COLEGAS IGNORANTES

(Trechos do cordel de Janduhi Dantas)

[...]
Havia numa escola
entre muitos estudantes
quatro colegas de classe
de estilos contrastantes:
um que era inteligente
e três bem ignorantes.

Falso, Mínimo, Arrependido
e o quarto Quero-Tentar
eram os quatro meninos
cuja história vou contar
peço a atenção dos leitores
que o desfecho é exemplar!

O aluno Falso era
preguiçoso e vagabundo
se o assunto era estudar
se sentia moribundo
quando era dia de prova
filava de todo mundo.

[...]

O aluno Mínimo, "esperto"
assim vivia pensando:
"Pra eu passar, basta um 7
vou com a barriga empurrando"
era o tal aluno cobra
que só passa se arrastando!

[...]

O aluno Arrependido
faltava muito à escola
faltava três, ia um dia
queria saber de bola
e no seu time jogava
trombadinha e cheiracola.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

GALINHA RAFINHA


TRECHO DO CORDEL ''O SEQUESTRO DA GALINHA E O VELÓRIO DE RAFINHA''
(Vicente Campos Filho)


(…) Imagine que Rafinha
Da família era o xodó
Pequenina se ouvia
Do seu fininho gogó
Só piu-piu e ela cresceu
A voz se fortaleceu
Até virar có-có-có.


(…) Quando eu tava doente
Deitava em minha redinha
Chamava ela pra perto:
“Venha pra cá, venha Rafinha
Ela de mim tinha dó
E vinha có, có-có, có-có
Có-có, có-có ela vinha”.


(…) Foram buscar a defunta
E à dona entregaram
O velório e o enterro
Logo providenciaram
Café, chá, bolachas, broas
Cerca de 10 mil pessoas
Ali se aglomeraram.


Teve até um trio elétrico
Fizeram uma musiquinha
As cozinheiras largaram
As panelas na cozinha
Queimou-se arroz e feijão
Mas ninguém quis perder não
O velório de Rafinha.

   Imagem: Patos Online

Para quem não sabe, este cordel é baseado em uma história verídica que ocorreu na cidade de Patos, interior da Paraíba. Trata-se de uma galinha que era muito mais do que um animal de estimação, já que as suas donas a consideravam integrante da família. 

O seguinte vídeo relata, resumidamente, a história de vida e morte dessa tão estimada galinha. O caso não se limitou a apenas chamar atenção da população patoense, tendo também uma grande repercussão nacional.


O próximo vídeo mostra o clipe de uma música baseada na história da Galinha Rafinha, interpretada pelo humorista Tatu.


Embora muitas pessoas tenham encarado essa história com desprezo, ironia ou humor, outras se sensibilizaram com o ocorrido. O texto abaixo, do Dr. Chico Viana, professor aposentado da UFPB e cronista, aborda de uma maneira reflexiva o sequestro e o enterro da galinha.




O enterro de Rafinha


                Fiquei surpreso ao saber o que aconteceu com Rafinha, a galinha que foi enterrada em Patos como gente. O enterro era simbólico, está certo, mas há pessoas que nem isso conseguem. Morrem e não têm quem as acompanhe na última viagem. A galinha, pelo contrário, foi seguida por um imenso cortejo. Quem mais a pranteava eram as suas donas, que justificaram o préstito com o fato de Rafinha ter sido uma ave muito especial. 
                O enterro foi notícia em todo o Brasil e constitui mais um desses curiosos episódios que marcam a relação dos homens com os animais. Vez por outra vem à tona um caso interessante. Outro dia li sobre um cachorro que herdou a fortuna do dono, embora este tivesse mulher e filhos. Devem tê-lo aporrinhado muito em vida, para ele tomar uma decisão dessas. Gestos assim são diretamente proporcionais ao desencanto dos seus autores com os seres humanos. O desengano leva a que procurem nos bichos a humanidade que não encontram nas pessoas. 
                Isso não quer dizer que os animais por si não mereçam tais demonstrações de amor. Rafinha, por exemplo, era discreta e afetuosa. Não cocoricava alto, ou fora de hora, não tinha aqueles arroubos histéricos próprios da sua espécie nem sujava a cama onde dormia. Também apresentava umas esquisitices (como ser alérgica a frio e a muriçocas) que despertavam o desejo de protegê-la. 
                O estranho não é as donas gostarem dela, mas tantas pessoas haverem comparecido ao enterro (que, ao que eu saiba, não foi programado em nenhuma rede social). Minha explicação para isso é que a sua morte representa um pequeno emblema do nosso tempo. Associam-se ao infortúnio de Rafinha alguns dos delitos que hoje mais infernizam nossas vidas. 
            Ela foi roubada do leito onde inocentemente dormia, e depois sequestrada. Em seguida, trocaram-na por duas pedras de crack. Vejam: só aí já se tem roubo, sequestro e tráfico de drogas -- males com que nos deparamos diariamente na mídia, mas nem sempre envolvendo uma pessoa (digo, uma galinha) só. Como se não bastasse, Rafinha morreu de melancolia, que hoje é considerada o “mal do século”. 
            Isso já seria suficiente para justificar a multidão que compareceu ao enterro, mas pode-se apontar outro importante motivo -- esse de natureza inconsciente: é o inconfesso remorso que sentimos diante das galinhas. Nos acostumamos e matá-las de forma cruel e a comê-las com frívola indiferença no almoço. 
            Quem, tendo na boca uma coxinha macia, uma asa levemente fibrosa, um pescoço úmido do qual se desprende um sabor que estimula em torrentes nossas glândulas salivares -- quem, eu pergunto, se detém para pensar que essas partes deliciosas são de uma ave como Rafinha? Geralmente às alegrias humanas corresponde o sacrifício dos animais, que nutrem nossos encontros festivos com sua carne inocente. A morte da galinha foi uma oportunidade de purgar essa culpa. 
            Culpa, sim, mais do que amor. Amor tinham as donas da galinha, que se recusaram a comê-la e fizeram dela alimento não para o corpo, mas para o coração. 

(Chico Viana) 

Fonte:http://chviana.blogspot.com.br/2012/09/o-enterro-de-rafinha.html

domingo, 24 de abril de 2016

PROJETO CORDELENDO EM AÇÃO

Momento de leitura da literatura de cordel em uma turma do 6º ano da Escola Estadual Coriolano de Medeiros











Após a exibição do vídeo de motivação, leitura, debate e música, os alunos, a partir do folheto No tempo em que os bichos falavam (leia aqui), do poeta José Francisco Borges, o qual se encontra disponível na íntegra aqui neste blog, fizeram desenhos com base nas estrofes que mais lhes agradaram. 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

MAIS BICHOS NA LITERATURA DE CORDEL

NO TEMPO EM QUE OS BICHOS FALAVAM
(José Francisco Borges)

O Sapo com muita fome
foi saindo do barreiro
um batalhão de formigas
lhe enfrentaram no terreiro
e o Sapo com a língua
venceu o cortejo inteiro

O Macaco é bicho esperto
O Jumento trabalhador
O Macaco é mais alegre
O Jumento mais sofredor
O Jumento sofre calado
O Macaco é chiador.

O Bode é conquistador
E só anda perfumado
E nos atos de amor
O Porco é muito calado
O Porco é mais moralista
O Bode é mais depravado.

O tatu e o Timbu
Eram amigos demais
Tatu comia batata
E o Timbu mais voraz
Comia pintinhos novos
O cachorro corria atrás.

Gambá e o Papa Mel
Foram a festa um certo dia
Gambá não arranjou nada
E cheio de ironia
Destampou o seu perfume
Correu toda bicharia

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O CANGAÇO NA LITERATURA DE CORDEL

A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU
Autor: Guaipuan Vieira

Foi numa Semana Santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação
Daqueles santos faltosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou as cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.

São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: Jorge expulse
Ele da santa morada.

E tocou Jorge a corneta
Chamando sua guarnição
Numa corrente de força
Cada santo em oração
Pra que o santo Pai Celeste
Não ouvisse a confusão.

O pilotão apressado
Ligeiro marcou presença
Pedro disse a Lampião:
Eu lhe peço com licença
Saia já da porta santa
Ou haverá desavença.

Lampião lhe respondeu:
Mas que santo é o senhor?
Não aprendeu com Jesus
Excluir ódio e rancor?...
Trago paz nesta missão
Não precisa ter temor.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O TEMA DOS BICHOS NA LITERATURA DE CORDEL

O que vi no tempo que os bichos falavam e O azar na casa do funileiro
(Leandro Gomes de Barros)

Vi um Teju escrevendo,
Um Camaleão cantando,
Uma Raposa bordando,
Uma Ticaca tecendo
Um Burro com um livro lendo,
Um Sapo fazendo telha,
Vi mais uma Rã vermelha,
Trabalhando num teçume,
Vi um Tatu num cortume,
Curtindo couro de Abelha.

Vi um Lacrau enfermeiro
Urubu feito marchante,
Vi um Siri despachante
Vi um Pavão sapateiro
Um Timbu velho ferreiro
Vi uma Pulga tocando,
Uma  Preguiça dançando,
Um Guará fazendo covos
Dois Grilos batendo ovos,
E um Jaboti cozinhando.

Vi um Mosquito valente
Promotor e advogado,
Com um pelotão formado
De batalhão “Tiradente”
A Muriçoca na frente
Dizendo à Cabra: - Não pode!
Depois amarrou o Bode
Que estava no campo nu,
Mandou prender o Muçu
Por ter raspado o bigode.

Vi Lesma remar canoa,
Peru mestrando um navio,
Sulcando as águas de um rio
Saltando de pôpa à proa.
No saltar de uma camboa
Quando viu, ficou cismado,
No fundo de um valado
Um caranguejo ainda moço
Com a corda no pescoço
Tinha morrido enforcado.

Vi Mosca batendo sola
Vi Pium fazendo lata,
Vi Goiamum de gravata
E a Cabra jogando bola
Coelho tocando viola,
Catita soprando um “buzo”
Jiboia fazendo um fuso
Cotia num desempate
Vi um Besouro alfaiate
Cortando roupa de uso.