quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

CLÁSSICOS DO CORDEL: VIAGEM A SÃO SARUÊ

Viagem a São Saruê

Doutor mestre pensamento
me disse um dia: – Você
Camilo, vá visitar
o país ‘São Saruê’
pois é o lugar melhor
que neste mundo se vê.

Eu que desde pequenino
sempre ouvia falar
nesse tal ‘São Saruê’
destinei-me a viajar
com ordem do pensamento
fui conhecer o lugar.

Iniciei a viagem
às duas da madrugada
tomei o carro da brisa
passei pela alvorada
junto do quebrar da barra
eu vi a aurora abismada.

Pela aragem matutina
eu avistei bem defronte
a irmã da linda aurora
que se banhava na fonte
já o sol vinha espargindo
no além do horizonte.

Surgiu o dia risonho
na primavera imponente
as horas passavam lentas
o espaço encandescente
transformava a brisa mansa
em um mormaço dolente.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE ERNANI SATYRO

O POEMA


Fazer o poema e largar.
O poeta é como a roseira: 
Só lhe cabe deixar a rosa
Desabrochar.

Fazer o poema e depois esquecer.
Eles mesmos é que tem
De viver
Ou morrer.

Fazer o poema e logo fugir.
Ele assim como o pássaro
É que tem 
De voar,
De subir.

Fazer o poema
E quebrar a caneta.
Que ele mais não precise 
Da tua muleta.

Mas como deixar,
Mas como esquecer,
Mas como quebrar
Caneta e fugir,
Se ainda não pude
O poema fazer,
Se ainda não pude
O destino cumprir?