sexta-feira, 25 de setembro de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE JOSÉ MOTA

PALAVRAS DO GÓLGOTA II*


No Gólgota o retrato da humilhação.
"E ele foi contado entre os malfeitores".
No madeiro suportou todas as dores,
Revigorado pelo poder da oração.

O bom ladrão, humilde, lhe pediu perdão.
E Jesus respondeu: Em verdade, eu te digo,
Fez pausa e continuou: hoje estarás comigo
No paraíso " estar com ele" é a salvação.

O respeitoso ladrão o tratou como um Rei
Naquele tempo, ambíguo, Pilatos era a lei,
Mas Jesus o caminho, a verdade e a vida.

Repartiram suas roupas, tirando a sorte,
Só não sabiam que até depois da morte
Ele era o remédio para todas as feridas.

                                                                                 *Em verdade, eu te digo:
                                                    Hoje estarás comigo no paraíso! (Lc 23,43)


PALAVRAS DO GÓLGOTA III*


Próximo ao madeiro estava Maria a chorar
E um pouco ao lado o discípulo querido.
"Ele" entendia que naquele instante sofrido
Ainda teria um grande presente para dar...

De cima da tosca cruz, Jesus baixou o olhar.
E vendo a sua mãe: Mulher, aí está o teu filho!
Do que estava escrito não podia sair do trilho.
Porque não havia maior presente do que amar.

Quem sabe uma proclamação, da maternidade
Muito espiritual de Maria, à humanidade?
- Aí está a tua mãe! Disse, olhando, para João.

E desde aquele dia ele a recebeu em sua casa.
Foi, talvez, naquele momento que ganhou asa
Para escrever o Evangelho da salvação.

                                                                           *Mulher, aí está o teu filho!
                                                                         Aí está a tua mãe! (Jo 19, 26)


PALAVRAS DO GÓLGOTA V*


Sabendo que tudo estava consumado,
E que para que se cumprisse a Escritura,
Com um gesto de humildade, murmura:
- Tenho sede. Lamenta o crucificado.

Que "sede" poderia ter o filho amado,
Com seu olhar de misericórdia e ternura,
Exceto "sede" de desvelo à criatura?
Cristo ultimava por seu amor exagerado.

A pobre multidão aguardava um milagre.
Próximo à cruz um jarro cheio de vinagre
Amenizava-lhe o sofrimento da dor.

O Messias chegava ao final da sua missão.
Depois, sepulcro vazio da ressurreição...
Vitória da vida após a morte do Salvador.

                                                         *Tenho sede! (Jo 19, 28)



Fonte: ihgp

José Mota Victor é engenheiro civil, político, escritor, poeta e teatrólogo, nascido na cidade de Patos - Paraíba, no ano de 1958. Algumas de suas obras são: "A Cruz da Menina", "O louro do Jabre", "As sete palavras de Cristo na cruz e outros sonetos", "Ducks City: uma cidade muito encantada não muito longe daqui" e "Ani Ohev Otach".


Quer conhecer um pouco mais sobre José Mota?


Os vídeos abaixo tratam de uma entrevista que o poeta concedeu ao jornalista Wandecy Medeiros, apresentador de um programa na Rádio Espinharas de Patos.

Parte I




Parte II




Parte III




Parte IV




Parte V





Gostou de conhecer um pouco mais sobre este grande poeta?
Gostou dos seus poemas?
Qual deles você gostou mais?
Conte-nos, deixando o seu comentário.


Leia também neste blog: Literatura patoense: a poesia de Balila Palmeira e Literatura patoense: a poesia de Flávio Sátiro.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

CLÁSSICOS DO CORDEL: PROEZAS DE JOÃO GRILO (PARTE II)

(Para ler o início, clique em: Proezas de João Grilo, parte I)

João Grilo disse: estou pronto
Pode dizer a primeira
Se acaso sair-me bem
Venha a segunda e a terceira
Venha a quarta e a quinta
Talvez o Grilo não minta
Diga até a derradeira.

Perguntou: - Qual o animal
Que mostra mais rapidez
Que anda de quatro pés
De manhã por sua vez
Ao meio-dia com dois
Passando disto depois
À tarde anda com três?

O Grilo disse: é o homem
Que se arrasta pelo chão
No tempo que engatinha
Depois toma posição
Anda em pé bem seguro
Mas quando fica maduro
Faz três pés com o bastão

O sultão maravilhou-se
Com a sua resposta linda
João disse: - Pergunte outra
Vou ver se respondo ainda.
A segunda o sultão fez
João Grilo daquela vez
Celebrizou sua vinda.

— Grilo, você me responda
Em termos bem divididos
Uma cova bem cavada
Doze mortos estendidos
E todos mortos falando
Cinco vivos passeando
Trabalham com três sentidos.