sábado, 7 de março de 2020

LITERATURA PATOENSE: A POESIA DE JAIME ARAÚJO

CONSELHO


Meu filho, disse certa vez meu pai:
Na vida tem cada um o seu caminho!
Evita, pois, o cardo, evita o espinho,
Feliz o que na tentação não cai.

Vê que o conselho é bom para quem sai
Singrando o mar da vida. É como o vinho
Se é dado, sobretudo, com carinho,
Deus te abençoe, no teu caminho, vai!

Saí, errante, pela vida em fora,
Errando sempre, onde quer que andei,
E porque muito que pequei é que embora

Com a fronte encanecida já, bem sei,
Devo lembrar á mocidade, agora,
Tomar conselhos tais que os não tomei.


A SERRA


Aquela serra azul parece linda,
Ela é tão linda, eu ponderava, incerto;
Inda irei vê-la, seja longe ou perto,
E, decidido: irei por lá, ainda.

E a serra azul, cuja beleza infinda
A mim fez crer, indubitavelmente,
Se revelou, de perto, frente a frente,
Em seus contornos, cavernosa e horrenda.

Pareceu linda, majestosa, ufana,
Vista de longe, esplendorosamente,
Ilusão treda, a distância é que engana.

Igual à serra, existe, quanta gente,
Em cuja face um riso franco empana,
Uma montanha horrenda interiormente.

A SECA


A seca no sertão é normal,
Periodicamente intercalada,
É uma estiagem caracterizada,
Espécie de flagelo regional.

Exposto ao sol ardente, o vegetal
Parece não ter vida organizada,
A gente vendo-o fica horrorizada,
Embora seja um fato habitual.

Chegada a chuva, dá-se a inversão,
Tal qual milagre de ressurreição ,
A um tapete verde se assimila,

A natureza, em festa, se engalana,
Embelecida, esplendorosa e ufana,
Numa explosão total de clorofila.


Jaime Araújo nasceu no dia 05 de junho de 1911, na Fazenda Pia, município de Patos - Paraíba. Apesar de ser poeta, não recebeu uma escolaridade completa, e o que conheceu das letras foi devido à sua atividade autodidata. A leitura da Bíblia e dos clássicos da literatura universal o influenciaram a escrever poesia, mesmo não tendo tido a pretensão de publicar nenhuma obra. Seu Jaime, como era conhecido, foi funcionário do Fisco Estadual, exercendo as funções de escrivão, tesoureiro e coletor estadual, este último atá a aposentadoria, em 1962.

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