sexta-feira, 27 de março de 2020

O CORONAVÍRUS EM VERSOS DA LITERATURA DE CORDEL

FICOU EM SEGUNDO PLANO

(Varneci Nascimento)

De repente a sua grandeza,
Você viu ficar pequena.
Porque este coronavírus
Retirou-a de palco e cena.
Botou todo mundo em casa
Quando cortou nossa asa,
E nos pôs em quarentena.

Não é lepra nem gangrena,
Mas é mortal, invisível.
Mostrou ao considerado,
Praticamente invencível.
Derrubou muita arrogância,
Realço a importância,
De quem nunca achou incrível.

Todo pretenso infalível,
Agora se mostrou falho,
O seu dinheiro no banco,
Ouro, brilhante ou cascalho,
Ficou no segundo plano,
Sem importar com o dano,
Deixou de ir ao trabalho.

Essencial, quebra galho,
Entraram no mesmo barco
A Covid dezenove
Chegou deixando seu marco.
Fazendo pedir as contas
E os causadores de afrontas
Baixarem as pontas do arco.

O mega se tornou parco
O grande ficou menor
Expôs a fragilidade,
Muito mais viva e maior.
De repente uma doença
Veio fazer diferença
Por este mundo melhor.


Do general ao major,
Do pagador ao velhaco,
Do chefão de uma empresa
Aquele pobre mais fraco.
A pessoa mais poderosa,
Revelou-se tão medrosa,
Na mansão ou no barraco.

Do hospital para o saco,
Do saco preto ao caixão,
Do caixão a grande vala
Da vala ou a cremação.
Do quarto ao necrotério,
Deste para o cemitério
Senão fizer prevenção.

Da falta de atenção,
A forçada convivência.
Da escassez de diálogo,
À troca de experiência,
Botaram a conversa em dia
Acabou-se a nostalgia
Promovida pela ausência.

A força da imprudência,
De repente foi cessada.
O grito de humilhação,
Dado naquela empregada.
Quem sabe nesta atitude,
Feita de maneira rude
Poderá ser repensada.

A carreira badalada
De repente interrompida.
Sua agenda inadiável
Sem ter data ser cumprida,
O contrato especial,
Foi parar no hospital,
Clamar um resto de vida.

Na confortável dormida
Lembre aquele que não tem
Para talvez aprender,
Fazer algo por alguém.
Só assim você se eleva
Porque daqui só se leva
Quando repartir o bem.

Faça mais do que convém
Pelos seus, pelos de fora:
Porque se o navio da morte,
No cais dessa vida ancora.
Quem não perecia dentro
Poderá parar no centro
Sem aviso, nem demora.

Mande a vaidade embora,
Troque-a pela humildade
Ao invés de desumano,
Cultive a fraternidade,
Quando a morte vem e pega
A sua maca carrega
Desde o pobre a majestade.

A conhecida beldade
Perdeu a força do belo
O medo de um casebre
Também está no castelo.
Até a literatura,
No meio desta loucura
Tirou seu livro do prelo.

Do cabelo ao chinelo
Tudo mundo higieniza
Nesta passagem terrena
Somente o bem se eterniza.
Quando a morte faz a poda
Não escolhe pela moda,
Nem por marca da camisa.

Qualquer humano precisa
De outro alguém para viver.
O mais rico do planeta
Vive almejando o poder,
Ordena, grita, não pede,
Mas a grana não impede
Do dono dela morrer.

No jeito tosco de ser,
Deverá fazer mudança
Cultivar o amor da mãe
A ternura da criança
Seja alguém que contagia
Como a melhor energia
O frescor da esperança.

Demonstração de pujança,
De repente enfraqueceu.
Do trabalho inadiável,
A maior parte esqueceu,
Reagendou compromisso
Mesmo o poder do feitiço
Com isto se arrefeceu.

A pessoa que só viveu
Destilando ódio, ofensa.
Temendo ao desconhecido
Causando pela doença,
Procurou mudar a rota
Deixou de ser idiota
E sentiu a diferença.

Egoísta jamais pensa
Baseado no carinho
Nesta passagem aflitiva
Agarrado ao seu mundinho.
Não sabe ser solidário,
Porém quando necessário
Por ele muda o caminho.

Vivendo só no seu ninho,
Viu o tamanho do erro.
Achando-se quase um deus
Semelhante ao bezerro.
Pensou no falso divã,
Mas caso morra amanhã
Faltará gente no enterro.

Os amantes do desterro,
Retornaram antes da hora.
Morando noutros países
A procura de melhora.
Sentindo a maior vertigem
Viu que o país de origem
Vale muito e foi embora.

A sogra viu que a nora
Não é tão péssima assim
A nora reconheceu:
Ela não é tão ruim,
Sem iminente perigo
Até mesmo um inimigo
Quer a paz para o seu fim.

Faltou para o camarim
Artes e apresentações.
Contra os políticos pilantras
Vieram as reclamações.
Diante da grande sobra,
Quem nada tem, se desdobra
Por conta das privações.

O mundo das emoções,
Ficou bem mais emotivo.
Os agressores gratuitos
Que fazem sem ter motivo
Reconheceram sua prática
Preferindo uma outra tática
Deixando de ser nocivo.

Todo comércio expansivo
Padeceu na retração,
As pessoas desmotivadas
Encontraram uma razão,
Para perdoar alguém
Por que se fizer o bem
Faz bem para o coração.

Parou sua construção
Parou mesmo toda escola
Parou de ir ao cinema
Parou de gastar sacola,
Parou de mostrar requinte
Parou de dar ao pedinte
Aquela pequena esmola.

Sem a gravata na gola
Sem ir mais ao escritório
Sem jogar mais seu basquete
Sem passar no consultório
Sem fazer mais uma visita
Sem fazer coisa esquisita,
Sem usar um acessório.

Até fazer um velório
Passou a ser diferente,
Pois teve de restringir,
A quantidade de gente,
Diante de uma coisa dessa,
O vírus cortou a pressa
De tudo quanto era urgente.

Uma carreira ascendente,
Ficou parada no gelo.
A passarela fechou
Sem passagem de modelo
Parou funk na favela
A vaidosa mais bela
Relaxou com o cabelo.

Teve até o desmantelo
Do chefe do Executivo,
Sem acreditar no vírus,
Comportamento abusivo.
Chegou a ser infantil
O mandante do Brasil
Brincou com algo nocivo.

Este vírus destrutivo
Fez medo ao mais corajoso
Botou fim na metidez,
Do sujeito presunçoso.
Desde o campo à cidade
Seu nível de mortandade
Poderá ser desastroso.

Boicotou o orgulhoso
Para mostra-lo finito.
O narcisismo imbecil,
Daquele pretenso mito
Tirou a força do ágil,
O mais forte ficou frágil,
Desde o feio ao bonito.

Deixou o povo contrito
Ou quem julga a fé estranha
Esse alarde mundial
Todo mundo sofre, apanha.
A forçada quarentena
Ao tempo que causa pena,
O nosso planeta ganha.

Vimos cassar a barganha,
Na corrente contra o mal.
Os donos de armas atômicas
Viram que seu arsenal.
Só tem o poder maléfico,
Mas não traz nada benéfico
Contra esse vírus mortal.

Sua prevenção ideal,
É fazer o isolamento.
A família reunida,
Convivendo este momento.
Como ovelha no aprisco,
Para se evitar o risco,
De contágio e sofrimento.

20/03/2020


O que é o Coronavírus?


De acordo com o site do Ministério da Saúde (saude.gov.br), o Coronavírus, também conhecido como CID10, é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Sua primeira aparição em humanos foi em 1937, mas só em 1965 recebeu esse nome por parecer uma coroa. Esses vírus podem provocar tanto simples resfriados quanto síndromes respiratórias graves. Os vírus mais comuns dessa família são o alpha coronavírus (229E e NL63) e beta coronavírus (OC43 e HKU1). Recentemente um novo agente foi descoberto, por isso chamado de Novo Coronavírus (SARS-CoV-2), após os primeiros casos da doença COVID19, na cidade de Wuhan, na China, entre o final de 2019 e início de 2020. Em poucos meses os vírus se alastraram por todo o mundo, causando uma pandemia, com milhares de mortes.


Principais sintomas


                                                                                                              Fonte: ricmais.com.br

Formas de prevenção


                                                                                                                  Fonte: ams.petrobras.com.br



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5 comentários:

  1. Adorei o cordel, além de dar várias informações de uma forma mais descontraída.

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  2. A sétima estrofe foi a minha preferida.

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  3. A carreira badalada
    De repente interrompida.
    Sua agenda inadiável
    Sem ter data ser cumprida,
    O contrato especial,
    Foi parar no hospital,
    Clamar um resto de vida.


    Isso fala do valor da nossa vida , gostei dessa estrofe, amostra a verdade nela!

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  4. Eu gosto muito desse cordel porque ele fala que o coronavírus não tá só sendo portanto por pessoas pobres mas também por pessoas da alta sociedade

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  5. Gostei bastante deste cordel,por que mostrou que um vírus foi capaz de mostrar a todo o mundo! Que nos dias de hoje, que o pobre e o rico estão na mesma situação.

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